quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Seguindo os Magos do Oriente


De todos os trechos contidos nas Sagradas Escrituras podemos destacar em especial um

que possui significado todo especial para aqueles que crêem verdadeiramente que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Este trecho foi narrado por São Mateus em seu Evangelho, no capítulo 2, versículos de 1 a 12. A passagem diz respeito a magos que seguiram desde o Oriente uma estrela que os conduziu até o local onde haveria nascido o Messias.

A Tradição católica enumerou em três os magos e lhes chama de Baltazar, Melchior e Gaspar. Segundo a mesma Tradição estão hoje sepultados em uma urna de ouro, na Catedral de Colônia, na Alemanha. Teriam presenteado Cristo com 3 dotes: ouro, incenso e mirra, que, respectivamente, significam que Jesus é o maior dos reis, é o maior sacerdote e também ali lembraram que Ele haveria de passar pela sepultura, pois a mirra era um perfume usado para banhar os cadáveres.

Outra coisa que a Tradição sempre afirmou é que um era negro, um amarelo e o outro branco, simbolizando os três continentes de que se tinham conhecimento: a África, a Ásia e a Europa. Isto pode nos significar que Jesus não é um Deus de um determinado grupo, mas é o Deus de todos. E Ele traz esta lição também para nós; a sua Igreja é de todos que estejam em comunhão com Ele, na pessoa de seu Vigário, o Papa.

Os Magos do Oriente são para nós exemplos de coragem, humildade e amor a Deus. Certamente eram de lugares muito distantes de Belém, onde nasceu o Salvador, e, por isso, devem ter enfrentado uma longa jornada até a casa onde o Messias se encontrava. Na época as estradas eram repletas de ladrões, animais e outros perigos, o que nos faz concluir que era necessária muita coragem para enfrentar tal desafio. Sua humildade foi algo sem igual, uma vez que eram homens cheios de ciência e sabedoria, e se curvaram para adorar o Rei de Israel, o dono de toda a ciência e sabedoria. E amavam a Deus, pois certamente enfrentaram muitas zombarias ao dizerem que iriam atrás de um Menino em um lugar tão distante. Apenas o amor poderia levá-los até Belém.

E o mais interessante, em minha humilde opinião, é que uma estrela os guiava. Penso que Deus quis com isso nos mostrar que Ele próprio guia quem O quiser encontrar. Bento XVI diz que “muito se discutiu sobre o tipo de estrela que guiou os Magos. Pensa-se numa conjunção de planetas, numa Supernova, ou seja, uma daquelas estrelas inicialmente muito débeis que, na sequência duma explosão interna, irradia por algum tempo um imenso esplendor, num cometa, etc. Deixemos que os cientistas continuem esta discussão. A grande estrela, a verdadeira Supernova que nos guia é o próprio Cristo. Ele é, por assim dizer, a explosão do amor de Deus, que faz brilhar sobre o mundo o grande fulgor do seu coração [1].

Mas Deus é Bom Pai e sempre nos alerta sobre os riscos que corremos. Este Herodes que nos mostra o Evangelho ainda hoje se faz presente entre nós. É alguém revestido de falsidade, de sujidade. Ora, o Messias veio salvar Israel e Herodes era de lá, mas não aceitou o Cristo. Num outro contexto é possível intuir que o Senhor nos mostra que sempre haverá “Herodes” e mais “Herodes” dentro da Igreja, que fingem quererem adorar e servir ao Messias, mas na verdade só querem espalhar sangue inocente. Deus quis aí mostrar que aqueles que estavam com a Verdade haveriam de enfrentar loucos sanguinários, sedentos pelo poder e por status. É por isso que aqueles que estão com o Cristo não devem reclamar das perseguições, pois Deus nunca escondeu de nós que elas viriam.

Esse Deus é tão amoroso que sempre avisa-nos, nos mais diversos “sonhos”, qual o caminho a seguir, para que nossas vidas e, principalmente, nossas almas sejam poupadas das garras destes “Herodes”. Os “Herodes” de hoje, tais quais o de ontem, podem querer ainda descontar sua ira em cima de mais inocentes, mas Deus é bondoso, justo e misericordioso, e eleva estes inocentes a glória, assim como aconteceu com os meninos que Herodes mandou matar em Belém. O tempo passa e a máscara destes Herodes cai. Devemos, pois, tomarmos cuidado e pedir a Deus a graça de não nos tornarmos mais um destes “Herodes” que insistem em bagunçar a vida da Igreja.

Exemplo que temos a seguir é dos Magos, que apesar de serem ricos e sábios não hesitaram momento algum em seguir um sinal de Deus. E além de tudo, foram humildes e se prostraram diante de um Menino pobrezinho, nascido em um curral. Assim devemos fazer, jamais nos achando maior que o próprio Deus, que se revela sempre nas pequenas coisas; ontem em um bebê, hoje em um doente ou em uma criança.

João Carlos Resende

[1] SANTA MISSA NA SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR, Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2012

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