quarta-feira, 29 de junho de 2011

O louco da Judéia




"A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus".
l Coríntios 1,18

Eis que a comitiva do Rei Herodes vai passando perto do Rio Jordão mas a poucos metros dali uma agitação muito forte inquieta o monarca. Um homem, aparentemente louco, vestido com pele de camelo, clama a Herodes que deixe a mulher de seu irmão. Sim, João batista parecia um maluco, pois quem seria capaz de corrigir um soberano real? Imediatamente esse “louco rebelde” é preso.

Mas Herodíades, mulher do irmão de Herodes, não conseguiu o silêncio desejado, João estava preso, mas sua voz continuava viva na cabeça dos pecadores. A consciência não se cala, podemos esconder nossos pecados de qualquer mortal, menos de nós mesmos e de Deus.

Herodíades não teve sossego, pensou que o jeito seria matar João, mas enganou-se ridiculamente, João estava repleto do Espírito Santo e Deus não se cala.

Ainda hoje João grita, grita suplicando conversão, pedindo que abandonemos nossos pecados, nossos erros. Muitos são os que ainda profetizam em nome do Senhor, mas possuímos um coração duro, um coração que não se abre a Palavra de Deus, muitas são as nossas omissões, omissões que João nos ensina a deixar de lado. João era realmente um louco, louco pela verdade, tão louco que por ela derramou seu sangue. Ele sim foi um profeta, pois profeta de verdade não teme nem a morte.

Oh glorioso São João Batista, maior dos profetas antes de Cristo, nos ajude a fazer com que o único medo de nossas vidas seja o medo de deixar de anunciar a verdade!

João Carlos Resende

sábado, 18 de junho de 2011

O que temos imaginado ultimamente?


"O heroísmo nunca foi, nem o será, coisa comum, e a santidade não se concebe sem heroísmo..." Pe. Reginald Garrigou-Lagrange, O.P.[1]

Tive a graça de descobrir por um "acaso providencial" a obra "As 3 Idades da Vida Interior" [2] do grande teólogo Pe. Garrigou-Lagrange, O.P., nela ele mostra - baseado nos grandes doutores da Igreja sobre o tema de ascese e mística - como as "almas simples" podem ascender na sua vida espiritual. Ele divide essa "ascensão" em 3 etapas ou idades, que são a via purgativa (dos principiantes), a via iluminativa (dos adiantados) e a via unitiva (dos perfeitos).

Explicando sobre a primeira etapa, a via purgativa, ele diz que devemos mortificar nossos sentidos externos e internos para que prossigamos para segunda etapa, a via iluminativa. Quando pensamos no que são nossos sentidos logo vem a nossa mente os sentidos externos, a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato, mas pouco sabemos sobre os nossos sentidos internos, que devem ser mortificados tanto ou mais que os externos, são eles: O sentido comum (sensus communis), a via cogitativa, a memória e a imaginação [3]. É nesse ponto específico que eu repito a pergunta do título: O que temos imaginado ultimamente? Será que mortificamos nossa imaginação também?

A imaginação é a capacidade que temos de criar uma nova imagem na mente a partir das imagens que já temos na memória, por isso imaginação. Quando nós não mortificamos nossa imaginação somos induzidos facilmente ao pecado, pois a imagem dos pecados que cometemos estão retidas na nossa memória, pode ser que tenhamos pecado apenas uma vez em certa matéria e estejamos pecando centenas de vezes por continuarmos a imaginar aquela situação acontecida.

Exemplificando, a situação de pecado causa uma situação de prazer momentânea, isso tende a que aquela imagem criada na situação fique recorrente na memória - por isso os pecados contra a castidade talvez sejam os que nos causam mais danos a imaginação, por acarretar um prazer acentuado - e o fato de nós consentirmos em ficar pensando nela novamente, não nos esforçarmos muito para "desviarmos" nosso pensamento para algo sadio, principalmente para a oração, acarreta um novo pecado.

O que temos imaginado ultimamente? Nessa obra o padre Garrigou-Lagrange diz que a vida interior consiste em estarmos sempre com nossa alma direcionada pra Deus, primeiramente pelos nossos pensamentos e depois pelas nossas ações. No que temos pensado? Imaginamos as maravilhas eternas ou os prazeres terrenos e passageiros? Quando nos fazemos essa pergunta vemos o quanto somos pequenos e atrelados a nossas paixões e o quanto Deus é misericordioso por querer salvar esses vasos de barro.

Que Nossa Senhora, vaso espiritual e honorífico cuide desses seus pobres filhos.

Tiago Martins da Silva

[1] As 3 Idades da Vida Interior – Pe. Reginald Garrigou-Lagrange

[2] A obra completa - altamente recomendada - se encontra nesse link. O padre Garrigou-Lagrange foi professor de Karol Wojtyła , nosso Beato João Paulo ll, isso já dispensa comentários.

[3] Recomendo um texto excelente sobre o tema nesse link.
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