Graças a Deus vemos muitas pessoas descobrindo a beleza dos valores do pudor e da modéstia, valores estes que devem ser refletidos na pessoa como um todo, mas um dos aspectos em que a modéstia e o pudor ficam mais latentes é no modo de se vestir. Consequentemente ao fato desse crescimento no interesse de conhecer mais sobre o assunto surgem vários apostolados que falam a respeito, isto é muito bom, é claro, mas na busca pela verdade e sobre o melhor modo de agir vemos divergências em alguns pontos, e o que sempre causa mais polêmica é sobre uso de calças pelas mulheres, será que este uso é modesto ou não? Nesta presente postagem tentaremos elencar alguns pontos que o ajudarão a refletir sobre o tema e responder a esta questão perante a sua consciência.
Como foi dito, é um assunto que sempre gera
muita polêmica, só pedimos a boa vontade do (a) caro (a) leitor (a) ao analisar
os argumentos colocados, a sua reflexão séria sobre cada um deles, muitas vezes
está sobre nós o peso de gostos pessoais e aprendizados errôneos, mas sei que o
caro leitor – iluminado pela Virgem Santíssima – analisará cada um dos pontos
com o seu bom senso.
Usaremos como pontos base de reflexão dois
parágrafos [1] do Catecismo da Igreja Católica que falam a respeito do pudor e
da modéstia, e também uma aula do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo [2] sobre
o tema, no qual ele faz uma explicação aprofundada destes citados parágrafos do
Catecismo. E desde já recomendamos muitíssimo que você assista a esta aula para
um melhor entendimento desta e de outras questões sobre o pudor e a modéstia, a aula pode ser acessada através deste link: “Pudor e Modéstia” [3]
Então, a primeira questão é a seguinte: Discute-se muito se é ou não pecado que
as mulheres usem calças, creio que a questão seja muito mais profunda do que
isto, pois acima de tudo está a caridade, e a caridade se exerce no querer dar
maior Glória a Deus, agindo de modo que O agrademos e que possamos contribuir
na santificação dos outros, agindo assim estaremos nos santificando também.
Quando tendemos, em qualquer situação, a nos questionarmos
apenas se é pecado ou não, sem pensar antes na caridade, estaremos nos direcionando
ao egoísmo, no fundo estaremos nos perguntando: “será que me condeno ou não com esta atitude?”, estarei pensando
antes em mim do que em Deus e no próximo. É óbvio que devemos fugir do que nos
condena, mas o princípio da caridade nos impele a antes olhar o que dá maior
Glória a Deus, Santo Agostinho disse: “ama e faça o que quiseres”, se amamos a
Deus acima de todas as coisas, se agimos com caridade, logo nossas ações serão sempre
ordenadas para o bem, sempre buscaremos o que é mais perfeito, e não simplesmente faremos as coisas de forma
mediana, com um pensamento do tipo: “já
que não é pecado mortal não há problema em fazer isto.”
Comparando isto a modéstia e ao pudor poderemos
nos fazer alguns questionamentos que serão guias no modo de nos vestirmos: “Estou agradando a Deus me vestindo assim? "É
o modo mais modesto que posso me vestir ou só “está na média?" “O que visto
transmite dignidade ou se transforma numa tentação
para provocar olhar alheio?”
Desenho original de Maria Bastos de Matos, disponível em http://tirinhasdamaria.wordpress.com/2012/08/08/e-quando-uma-moca-catolica/ |
Na já citada aula do Pe. Paulo Ricardo ele
faz uma brilhante definição de como a mulher deve agir para sempre se vestir
com modéstia: “... a mulher não deve achar que a visão sobre si mesma é
padrão para o modo de se vestir modestamente, o padrão deve ser que ela analise se a sua vestimenta provoca o olhar
masculino, antes de pensar em si mesma ela deve pensar em ser caridosa com o seu próximo".
Dessa definição entendemos que o pudor e a modéstia servem para preservar aquilo que é muito íntimo e sagrado para nós, e tudo o que nos é íntimo fica em segredo, não fica a vista da curiosidade de qualquer um. Por exemplo, quando temos um grande segredo ele fica guardado conosco ou só revelamos a pessoas de muitíssima confiança.
Dizendo isto em relação a nossos corpos
vemos também que há partes que só devem ser reveladas entre pessoas que podem
partilhar a máxima intimidade, que são os esposos, fora disso seria uma
exposição à curiosidade malsã, a curiosidade maldosa, como cita o
Catecismo. Devemos sempre lembrar – e
como é muito bem explicado também na aula do Pe. Paulo Ricardo – que por causa
do pecado original perdemos a capacidade de olhar para um corpo e vermos somente
a beleza da criação, por nossa má inclinação sempre teremos a tendência a ter
um olhar sobre o corpo do outro como um objeto de prazer, e este é mais um dos
motivos pelos quais certas partes devem sempre ficar escondidas. Devemos
obviamente lutar - e com auxílio da Graça - contra essas más inclinações, e
nisso o pudor é um grande aliado, porque protege a própria pessoa e os outros
destes perigos, como se diz no texto introdutório da aula do Pe. Paulo Ricardo:
“O pudor recorda que é preciso esconder o corpo
para mostrar a alma.”
É muito óbvio que é indecente que partes com conotação sexual média e explícita fiquem a mostra, mas deve-se ficar atento a outra questão também, deixar estas partes a mostra através da insinuação também é imodesto. Para exemplificar, uma mulher pode estar com uma blusa que é toda fechada, mas se esta for transparente ou muito justa não podemos dizer que é uma roupa modesta, sobre isto sei que o caro leitor concorda.
E este problema da insinuação é tanto pior se for com partes de conotação sexual explícita, daí entendemos - e também respondemos a questão feita no título dessa postagem - o motivo pelo qual uma calça nunca poderá ser considerada uma roupa modesta para as mulheres, pois todos os tipos de calças - até as que não são justas - deixam à mostra as formas das partes íntimas femininas através da insinuação. Ao contrário, isso nunca vai acontecer se ela estiver usando saias ou vestidos modestos, estes não deixam a mostra o que deve ficar escondido.
Mais uma questão séria a ser refletida é que o uso de calças pelas mulheres foi e sempre será um símbolo da revolução feminista [5], revolução esta que prometia as mulheres que elas seriam livres do “jugo machista”, mas que na verdade as transformou em escravas de uma ideologia que lhes tira a feminilidade, principalmente porque essa ideologia luta contra o que há de mais belo na mulher, que é o dom da maternidade. Um vestido e/ou uma saia modesta sempre transmitirá uma imagem de feminilidade, enquanto as calças sempre transmitem a imagem de sensualidade ou masculinidade, caracteres que são contrários a beleza da feminilidade. Aconselho a leitura do artigo “A mulher e as calças nos anos 40” [6], você poderá saber mais sobre como foram as estratégias feministas para a introdução do uso das calças no vestuário feminino.
E só para lembrar, não é o simples trocar
calças por vestidos e saias que torna a vestimenta modesta, os mesmos devem
passar pelo mesmo caminho da caridade e do pudor demonstrados acima, por
exemplo, trocar uma calça por uma saia curta e/ou muito justa, ou usar saias
modestas com blusas
decotadas [7] não adiantam muito. E também, saber que pudor e a modéstia
são virtudes que abarcam a pessoa por completa, a vestimenta é um dos reflexos
destas virtudes, é preciso uma conversão interior, se não o que ocorrerá nessa
mudança é que a pessoa apenas criará um personagem, e quando vier as
dificuldades ela abandonará muito facilmente os hábitos de se vestir com
modéstia. Quando há a conversão o hábito de se vestir com modéstia se torna natural,
e é este objetivo. Sobre este assunto específico convido a leitura destes 3 artigos que constam nestes links aqui, aqui e aqui. [8]
Então, antes de
terminar o artigo, como há algumas objeções quando se diz que o correto é que
as mulheres devem usar sempre saias ou vestidos modestos ao invés de
calças, gostaria de responder a algumas dessas objeções que são bastante
comuns, mas para não alongar demais este artigo colocamos essas considerações
em outra postagem, você pode acessá-la por este link: “Porque a calça nunca poderá ser considerada uma roupa modesta para as mulheres? - 2ª Parte”
Mas
desde já deixamos aqui a lista de qual serão estas objeções, peço ao caro
leitor que ao terminar este artigo também possa acessar o próximo, para um
melhor entendimento sobre o assunto. Então, as tais objeções em que colocaremos
a contra-argumentação são as seguintes:
1ª) Todos aqueles que apoiam a ideia de que
as mulheres usem exclusivamente saias e vestidos tem uma mentalidade rad-trad [9]
2ª) Há uma placa no
Vaticano indicando que as mulheres só devem entrar na Basílica de São Pedro
usando vestidos, saias ou calças, logo, a Igreja permite o uso de calças.
3ª) A condenação do uso de calças pelas mulheres feita pelo Cardeal Siri
e por São Pe. Pio de Pietrelcina só eram validas para a época deles.
4ª) O Papa São
Nicolau I (810-858) aprovou o uso de calças pelas mulheres.
5ª) Santa Gianna Molla usou calças, logo, é modesto que se use também.
E para terminar, um argumento simples, mas que tem um peso maior do que
qualquer outro que poderíamos colocar: Invoquemos a Rainha do Céu e da Terra, Nossa
Mãe Santíssima, a personificação do pudor e da modéstia. Imaginemos que Nossa
Senhora vivesse em nossos dias, sabendo de sua augusta caridade, de seu pudor
imaculado e de sua santa discrição, e que Ela é a criatura que sempre mais
buscou e viveu o que é mais perfeito, se Ela tivesse que escolher entre
um belo vestido modesto e uma calça, o que Ela vestiria? Sei que durante
esta leitura você veio refletindo seriamente sobre todos os argumentos
colocados, então, agora peço que vá bem ao interior de sua consciência e reflita
sobre esta pergunta: “... o que Ela vestiria?” E agora, Nossa Senhora não
estaria lhe pedindo algo a mais? Sei que neste momento sua consciência já tem
uma resposta... É hora de mudar, é hora de imitar a Rainha da Modéstia.
Santa Maria, Mãe Puríssima, rogai por nós!
Tiago
Martins
Grifos nossos
Referências:
[2] Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior – Saiba mais
sobre sua biografia e apostolado acessando este link
[3] “Pudor
e Modéstia” – de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo.
[4] Catecismo da Igreja Católica – § 2521
e 2522
[5] Saiba mais sobre o assunto
acessando:
“Feminismo, o maior inimigo das mulheres – de Pe. Paulo Ricardo de
Azevedo
[6] “A
mulher e as calças nos anos 40” – de Luciana Lachance,
disponível em “Teus
Vestidos”
[7]
Saiba mais sobre o assunto acessando: “Modéstia,
pudor e lógica: Sobre o uso de blusas com decote”. Disponível em Mater
Dei.
[8]
Artigos “Como
estou me vestindo?” e “Por
que usar saia abaixo dos joelhos?” - ambos de Maria Bastos de Matos,
disponíveis em “Tirinhas da Maria” e "Porque amamos uma saia modesta", de Luciana Lachance, disponível em "Teus Vestidos"
[9] Rad-Trad:
Abreviação de radical tradicionalista, entende-se por aquela pessoa que diz
buscar o resgate de valores tradicionais no campo da moral e da liturgia, mas
que infelizmente não atua com equilíbrio, suas ações chegam a extremos e para
justificar opiniões pessoais se tornam desobedientes a Igreja. Na segunda parte
da postagem mostraremos mais detalhadamente algumas características e erros da
ideologia rad-trad.
Indicamos ao caro leitor estes blogs e sites: Tirinhas da Maria; A Formação da Moça Católica; Teus Vestidos; Moda e Modéstia; Comunidade Mariana na Modéstia; Tradição e Modéstia nos passos de Maria.
Indicamos ao caro leitor estes blogs e sites: Tirinhas da Maria; A Formação da Moça Católica; Teus Vestidos; Moda e Modéstia; Comunidade Mariana na Modéstia; Tradição e Modéstia nos passos de Maria.
Ótimo trabalho, parabéns!
ResponderExcluirGostaria de indicar-lhe, um pequeno Ensaio intitulado "Reminiscência Sobre a Modéstia no Vestir 2", que talvez possa servi-lhe de alguma utilidade no seu frutuoso apostolado. Acesse aqui: https://onedrive.live.com/?id=8278C2ED5B87800A!206&cid=8278C2ED5B87800A
Salve Maria!