“Igualmente quero que as mulheres
se vistam decentemente e se enfeitem com modéstia e bom senso. Nada de
penteados complicados nem de jóias de ouro ou de pérola, nem de vestes
luxuosas. Mas que se enfeitem com boas obras, como convém a mulheres que fazem questão de uma vida piedosa.”
(cf. I Tm 2,9-10)
Graças a Deus vemos aumentar o número de pessoas que querem viver os
valores da modéstia e do o pudor, e conseqüentemente ficam mais latentes
algumas situações que são obstáculos nesta caminhada, e o pior destes
obstáculos é a vaidade exacerbada, pois onde há vaidade é sinal de que ronda
por perto o seu “irmão gêmeo”, o pior dos vícios, o orgulho, e este orgulho
sempre nos afasta de Deus e de sua vontade. Nesta postagem falaremos deste
problema com a intenção de que sirva de reflexão, estímulo para perseverança e
mudança no que for necessário. Focaremos no que tange a modéstia feminina, já
que por terem um maior cuidado com a beleza física as mulheres têm maior
tendência a cair neste vício, e também, apesar de que homens e mulheres devam
sempre se portar com modéstia é a imodéstia feminina que tende a ter maior
poder de influenciar de forma negativa os ambientes, como disse Santa Teresa de
Jesus: “As mulheres tem que se preocupar
mais com a modéstia do que os homens.” [1]
Muitas mulheres “travam” nesta caminhada de conversão rumo a hábitos
mais modestos no modo de se portar e principalmente no modo de se vestir por causa da
vaidade, elas começam a desculpar-se pra si mesmas que não precisam mudar em tal
quesito pois não ficariam tão bonitas quanto queriam. É natural que as mulheres
tenham um cuidado maior com a beleza, mas muitíssimas vezes isso é usado como
desculpa para não mudar para uma vivência da modéstia com mais perfeição, e é
claramente uma desculpa, pois a modéstia em si já é bela, transforma a alma, e
como o exterior é reflexo do interior, uma mulher verdadeiramente modesta irá
sempre se vestir de modo elegante, belo e sem adereços supérfluos, a vaidade
afasta da verdadeira beleza, pois estimula a pessoa a se vangloriar, enquanto a
beleza real leva a própria pessoa e os outros que a vêem a agradecer a Deus
pelo dom e pela beleza da criação.
Vejamos algumas palavras do Pe. Thomas Morrow [2] a
respeito:
“As mulheres devem perguntar-se: “A quem estou procurando agradar? A
Deus ou ao mundo? Diz São Tiago: “O amor do mundo é abominado por Deus” (cf.
Tg 4,4). Pensemos no modo como se vestiria hoje a Mãe de Jesus, se fosse uma
solteira de 25 anos. Especulando, seria um exemplo daquilo que São Francisco de
Sales desejava: “Eu, por minha parte, teria um grupo de gente piedosa, homens e
mulheres sempre adequadamente vestidos, mas sem ostentação nem extravagâncias.
Como diz o provérbio, gostaria que elas estivessem "adornadas com graça, decência e dignidade". Há quem afirme que os tempos mudaram e que os
estilos são muito chamativos do que há sessenta anos, que as modas de hoje
chamamos impudicas parecerão comuns dentro de uma ou duas gerações. Talvez
seja, mas geralmente os que estão comprometidos com o Senhor não estão na
vanguarda das modas que deixam o corpo descoberto.– “Mas no verão faz muito calor...” Pode ser que
faça calor, mas há roupas decentes que permitem aliviá-lo. Além disso, o que é
mais importante: estar mais a vontade ou contribuir para criar um mundo mais
educado, mais respeitoso para com a dignidade de todos, e mais respeitoso
portanto para com a lei de Deus?”
A abnegação da vaidade traz grandes frutos, não somente pra quem a vive
mas também para os outros, sabemos quanto o exemplo tem ainda mais força, certa
vez li um testemunho sobre conversão na questão de hábitos de modéstia, foi um
dos mais bonitos que já vi até hoje, a autora dizia que no início deste
processo de conversão usou roupas feias propositalmente (que não fossem
indecentes, é óbvio) para que isto servisse como purgação, como purificação dos
laços da vaidade e conseqüentemente lhe deu mais força seguir nesta árdua
batalha.
Como a autora mesmo diz, foi um caminho que Deus lhe inspirou, nem todas
necessariamente precisam passar por isto, usar roupas feias, mas é um exemplo
tão grande de sacrifício e abnegação da própria vontade que exemplos como este
literalmente arrastam, este é o mistério da cruz, a cruz mesmo sendo dolorida
nos atrai, porque nos move Àquele que morreu na Cruz por nós, exemplos como
este nos mostram que o caminho para adquirir as virtudes é enfrentar qualquer
sacrifício para agradar Aquele que nós amamos, que devemos passar por cima de
vaidades pessoais, nos preocupar antes com o que agrada a Deus e não provoca o
olhar dos outros. Deixo abaixo as próprias palavras da autora [3] e desde já
aconselho muitíssimo que leiam o restante do testemunho, que pode ser lido
acessando este link.
“Lembro que o “deserto” do qual falo aqui não é a meta
final, é o “meio” para a meta. Quando os monges iam ao deserto, ele não iam
buscando o deserto e sim a Deus, iam buscando encontrar o sentido mais profundo
para sua existência. Mas o deserto era o meio para
chegar à meta, o próprio Deus. Da mesma forma, o “deserto” que
convidamos cada uma viver não é o fim em si mesmo. A meta é clara: ser a mulher
que Deus quer que sejamos! Mas para isso é imprescindível o deserto. O meu deserto exigiu de mim três
atitudes até que eu pudesse ter auto-domínio sobre isso (o que aconteceu
progressivamente, e não como passe de mágica, e sim como fruto da graça divina
e do que eu me vi chamada a fazer). Repito mais uma
vez: cada uma, em oração, saberá o que nosso Senhor lhe pedirá para que, através
de um “deserto” possamos ir recobrando a visão de Deus sobre nós, sobre nosso
corpo, nossa sexualidade e consequemente gerando mudanças bem concretas no
nosso guarda-roupa! Quanto mais dócil somos, mais rápido e fácil será.
Para mim foi necessário: 1) Deixar de olhar as
capas das revistas de moda (e logicamente de comprá-las) 2) Deixar de olhar
vitrines nas lojas ao andar na rua. 3) “Ir a um extremo e usar roupas
literalmente feias para purificar-me (pelo menos um pouco!) de todas as vezes
que eu profanei meu corpo, templo da Santíssima Trindade. Pode parecer
exagerado ou meio ridículo, mas este foi o caminho que Deus me conduziu
para começar esta linda aventura de “ter os seus olhos” e voltar a olhar com
pureza o outro e também querer ser motivo de pureza para o sexo oposto. Lógico
que “não está tudo feito”. A caminhada é até o fim, a luta até o ultimo suspiro
antes da morte, mas existem sim estágios, e estes foram os meus primeiros
estágios. Talvez, eu contando um pouco da minha história fará mais sentido
porque Deus usou esta pedagogia comigo!” [grifos da autora]”
Isso
tudo nos mostra outra questão, existem regras e padrões sobre modéstia, e que
devem ser observados – e que eu particularmente sou defensor desses padrões,
não sou do tipo “ah, eu não vejo nada de
errado nisso então está bom”, se existem padrões é porque pessoas santas e
sábias os definiram – mas acima de tudo, como em todas as virtudes, o que move
a uma vida de hábitos modestos é esse amor por Deus, o abnegar-se por Ele, isso
afasta as mulheres de uma “modéstia mais ou menos”, naquele estilo que só se
veste bem pra ir a Missa (e olhe lá) e no restante do tempo continue se
vestindo de forma sensual, afasta do orgulho de não ouvir conselho dos outros, afasta
daquela opinião que não se preocupa com pequenos detalhes sempre usando aquela
velha desculpa “ah, fulano diz isso
porque está vendo coisa demais”, em questões de modéstia e pudor o risco de
se “travar” o processo de conversão é
muito maior quando se quer andar com um pé no mundo do que quando se toma
atitudes mais firmes pois como disse o Papa Pio XII: “Neste assunto – a pureza – não existe
severidade que possa ser tida como exagerada” [4],
então, todas essas questões não são exageros, mas um zelo necessário.
Para
encerrar, mais uma questão, o motor da vaidade é o elogio, e a maioria vira
escrava da vaidade por causa disto, uma busca frenética por elogios – em
palavras ou olhares -, uma provável baixa auto-estima misturada com o orgulho
faz com que sempre procurem ser o centro das atenções.
Ainda há outra questão, que ainda é
mais perigosa, é que os elogios exagerados a uma mulher são um veneno para sua
alma, explicamos o porque: Todos temos fraquezas provenientes do pecado
original, e essas fraquezas atacam nossos sentidos de formas mais ou menos
acentuadas de acordo com o gênero, do mesmo modo que os homens têm uma
tendência maior a cair na tentação de olhar para o corpo
feminino de forma impudica, as mulheres tem uma tendência maior a caírem no que
elas ouvem, então, quanto mais elogios maior a chance de se
envaidecerem-se ou caírem em "conversas fiadas".
Por isso, elogiar exageradamente uma mulher
causa-lhe um mau na mesma proporção que causa a um homem ser exposto a visão de
uma mulher vestida indecentemente, as duas situações são intoxicações
espirituais, pois os provocam em pontos que são frágeis. Ver a beleza é um bem,
ouvir um elogio é um bem, mas por causa das nossas tendências todo exagero nos
cega. Quem verdadeiramente se preocupa com o outro não o coloca em situações
que provoquem suas fraquezas, e ao contrário, busca ajuda em Deus para auxiliar
o outro a vencê-las.
Cuidado com o que diz e com o modo como lida com o
que você ouve.
"Ria-se dos elogios que as pessoas lhe
façam, e repasse-os todos a Deus!" São Pe. Pio [ 5], analisando vemos como as mulheres podem colocar suas almas em risco por causa da vaidade.
Como diz a Sagrada Escritura, que o vosso adorno não seja o que aparece externamente: cabelos
trançados, joias de ouro, vestidos elegantes; mas tende aquela ornato interior
e oculto do coração, a pureza incorruptível de um espírito suave e pacífico,
coisa que é tão preciosa aos olhos de Deus. (cf.
1
Pe 3,3-4)
Isto tudo que colocamos foi com a intenção que
servisse de alerta, devemos estar sempre atentos porque nossas fraquezas no
empurram para baixo, nos fazem travar no processo de conversão, além de sempre
estarmos atentos devemos ainda mais pedir pela intercessão de Nossa Senhora a
graça de não sermos escravos da vaidade, Ela que foi a mais bela também foi a
mais humilde, mais santa, viveu e externou a verdadeira beleza. Que Ela rogue
ao Santo Filho Jesus por todos nós, e especialmente neste sentido, por todas as
mulheres, para que externem sua beleza de forma sadia, modesta, que sejam
reflexos da Beleza Divina e nunca escravas da vaidade.
“Vaidade das
vaidades! Tudo é vaidade.” (cf. Ecle 1,2)
Referências:
Leia mais sobre assuntos referentes acessando estes
textos abaixo: