Viviam
aquelas pombas irrequietas e felizes na doce paz do seu pombal. Todas as manhãs
voavam ao campo, com o pescoço irisado pelo sol, e bicavam os grãos da foice
do ceifeiro. À noite o pombal dava-lhes abrigo e calor e, ali no ninho
escondido na parede, ouviam alegremente o pio de seus filhotes. Não careciam de
nada; tinha tudo; viviam ditosas e morriam tranquilas. Mas, eis que um dia
apareceu no pombal uma pomba revolucionária. Vinha de outras terras, onde as
pombas sacrificavam a felicidade à liberdade, e falou-lhes desta maneira:
--
Companheiras, viveis dois séculos atrasadas com respeito às pombas de outros
países. Basta de clássicas submissões, de vida aborrecida e estéril. Por que
havemos de ser inferiores às patas? Elas podem ir a esterqueira, e nós temos
medo de nos mancharmos; elas podem banhar-se até na água suja e nós não temos
coragem de meter-nos no rio. Para que defender tanto a nossa alvura, a nossa
pureza? Isso são preconceitos da Idade Média! Cada uma faça o que bem entender,
pois para isso é dona do seu corpo e de sua vida. Vamos a esterqueira! Ao
charco!
Todas
as pombas incautas aplaudiram a estrangeira agitando as asas. Dirigidas pela
revolucionária, voaram para um pântano infecto que se via a distância.
Enlambuzaram-se, revolveram-se no lodo com grande algazarra e... não vos direi
como saíram dali as pombas!
Assim,
caros leitores, viviam nossas ditosas e tranquilas mulheres. No ninho do seu
lar viviam em paz a vida do trabalho e do amor. Mas a civilização
revolucionária começou a cantar seu canto de sereia assim: -- Como! Estareis
toda a vida fechadas em casa? E escravas dos homens? Basta, basta já de
submissões! Não vedes como se chegou, em outros países, à emancipação da mulher?
Abandonai os vossos preconceitos medievais! A mulher é dona do corpo e de sua
vida. Por que sacrificar à alvura da pureza todas as alegrias do prazer? Ao
charco! Ao pântano!
E as
mulheres modernas lançaram-se e revolveram-se no charco da vida... e, não vos
direi como saem dele as mulheres de hoje!
Fonte: Fonte: “Tesouro de Exemplos”, compilado por Pe.
Francisco Alves, C.SS.R. - Ed. Vozes
Nota do blog: O título original do texto, como
está no livro, é apenas “A mulher moderna”,
complementamos o titulo na postagem do blog para ressaltar mais uma vez os
males que o feminismo trouxe para a vida das mulheres e consequentemente para
toda a sociedade.
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