sábado, 18 de junho de 2011

O que temos imaginado ultimamente?


"O heroísmo nunca foi, nem o será, coisa comum, e a santidade não se concebe sem heroísmo..." Pe. Reginald Garrigou-Lagrange, O.P.[1]

Tive a graça de descobrir por um "acaso providencial" a obra "As 3 Idades da Vida Interior" [2] do grande teólogo Pe. Garrigou-Lagrange, O.P., nela ele mostra - baseado nos grandes doutores da Igreja sobre o tema de ascese e mística - como as "almas simples" podem ascender na sua vida espiritual. Ele divide essa "ascensão" em 3 etapas ou idades, que são a via purgativa (dos principiantes), a via iluminativa (dos adiantados) e a via unitiva (dos perfeitos).

Explicando sobre a primeira etapa, a via purgativa, ele diz que devemos mortificar nossos sentidos externos e internos para que prossigamos para segunda etapa, a via iluminativa. Quando pensamos no que são nossos sentidos logo vem a nossa mente os sentidos externos, a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato, mas pouco sabemos sobre os nossos sentidos internos, que devem ser mortificados tanto ou mais que os externos, são eles: O sentido comum (sensus communis), a via cogitativa, a memória e a imaginação [3]. É nesse ponto específico que eu repito a pergunta do título: O que temos imaginado ultimamente? Será que mortificamos nossa imaginação também?

A imaginação é a capacidade que temos de criar uma nova imagem na mente a partir das imagens que já temos na memória, por isso imaginação. Quando nós não mortificamos nossa imaginação somos induzidos facilmente ao pecado, pois a imagem dos pecados que cometemos estão retidas na nossa memória, pode ser que tenhamos pecado apenas uma vez em certa matéria e estejamos pecando centenas de vezes por continuarmos a imaginar aquela situação acontecida.

Exemplificando, a situação de pecado causa uma situação de prazer momentânea, isso tende a que aquela imagem criada na situação fique recorrente na memória - por isso os pecados contra a castidade talvez sejam os que nos causam mais danos a imaginação, por acarretar um prazer acentuado - e o fato de nós consentirmos em ficar pensando nela novamente, não nos esforçarmos muito para "desviarmos" nosso pensamento para algo sadio, principalmente para a oração, acarreta um novo pecado.

O que temos imaginado ultimamente? Nessa obra o padre Garrigou-Lagrange diz que a vida interior consiste em estarmos sempre com nossa alma direcionada pra Deus, primeiramente pelos nossos pensamentos e depois pelas nossas ações. No que temos pensado? Imaginamos as maravilhas eternas ou os prazeres terrenos e passageiros? Quando nos fazemos essa pergunta vemos o quanto somos pequenos e atrelados a nossas paixões e o quanto Deus é misericordioso por querer salvar esses vasos de barro.

Que Nossa Senhora, vaso espiritual e honorífico cuide desses seus pobres filhos.

Tiago Martins da Silva

[1] As 3 Idades da Vida Interior – Pe. Reginald Garrigou-Lagrange

[2] A obra completa - altamente recomendada - se encontra nesse link. O padre Garrigou-Lagrange foi professor de Karol Wojtyła , nosso Beato João Paulo ll, isso já dispensa comentários.

[3] Recomendo um texto excelente sobre o tema nesse link.

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