quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A diferença entre ser carinhoso ou um bobão no relacionamento

Dias através vi um sujeito postar num grupo de uma rede social uma frase dessas bem melosas, e comentando que se estivesse namorando diria isso a ela. No momento pensei, “se esse sujeito dissesse isto para uma mulher, ela pensaria: “que coisa fofa, mas não sei se o queria para ser pai dos meus filhos um dia.””

Você pode estar pensando: “mas como assim ele sabe o que uma mulher estaria pensando a respeito desse rapaz, se seria um bom pai?”, é simples, é a Lei Natural, por mais que as revoluções modernas tentem destruir os bons valores, lá no fundo da alma sempre buscamos o sentido final de cada coisa, há algo cravado em nós que nos mostra a direção em cada situação, e o sentido do namoro é o conhecimento da outra pessoa para verem se poderiam se casar um dia e a preparação para o mesmo, e um dos sentidos do casamento é a criação dos filhos, no fundo toda mulher que tem vocação ao matrimônio busca um bom esposo e pai para seus filhos, assim como um homem busca uma boa esposa e mãe para seus filhos.

Este é um problema recorrente que vemos em muitos relacionamentos, e também entre aqueles que estão no “tempo de espera”, pessoas confundirem o carinho - que é necessário – com outras atitudes sentimentalóides e imaturas, isto ocorre com ambos os sexos, mas nessa postagem vamos focar mais em como este problema afeta os homens, mostrar que quando o homem não sabe dosar suas atitudes que a principio seriam de carinho, as direcionando de forma errada acabam o tornando um verdadeiro bobão, o frustrando e também sua companheira.

E o que isso tem a ver com a tal frase melosa do início do texto, que faria a moça desacreditar do rapaz? Para expor melhor minha ideia vou partir de um principio apresentado pelo Pe. Paulo Ricardo de Azevedo na vídeo-aula “Masculinidade: O que está havendo com os homens de Deus?”, dentre outras coisas ele diz que existem 3 características básicas que o homem deve ter para exercer bem a paternidade, e consequentemente a  masculinidade, ele deve ser provedor, mestre e protetor.

Se formos sinceros, refletirmos bem – e desde já aconselho muito a assistirem a este vídeo dito acima – se analisarmos a realidade sem preconceitos, e principalmente observarmos os casais que vivem bem, sabemos que isso é uma verdade, todo homem deve batalhar para ser o principal provedor da família, ele deve também ser aquele que tem o primeiro encargo da disciplina e do ensino, ele é o mestre, mas não mestre ditador, é mestre porque serve toda a sua família, ele conduz, e deve assumir também o seu papel de protetor da família, ele dá a vida pela proteção da família, sendo que estes dois últimos são os que já estão mais latentes na época de namoro, e no fundo, toda mulher quer um homem assim, que a conduza e proteja.

Analisando estes pontos vemos a diferença entre a verdadeira demonstração de amor e carinho e essas outras atitudes sentimentalóides que não levam a nada, o carinho sempre cura, às vezes o carinho é até uma correção fraterna, o carinho é proteger, é aconselhar, é ouvir, é dizer sim belas palavras, mas que não sejam fúteis, ao contrário, palavras sentimentalistas funcionam somente como anestesia, um encanto, e isso não cura, isto é sinal de falta de amor, pois onde há amor há cura.

São Paulo diz na carta aos Efésios: Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (cf. Ef 5, 25), Cristo amou a Igreja dando a sua vida por ela, assim também a maior demonstração de amor de um homem acontece quando ele se entrega, toma atitudes que demonstrem que faria o máximo pra proteger aquela que Deus colocou ao seu lado, e sejamos
sinceros, sentimentalismos não tem nada a ver com entrega, com sacrifício, por isso disse no início que se uma mulher visse um homem com palavreado assim poderia até achar “bonitinho” mas pensaria muitas vezes em querer este homem como seu marido, pais dos seus filhos, pois a vida matrimonial irá requerer muitos sacrifícios, poemas floridos podem até ter seu encanto, mas isto não sustenta o dia-a-dia de casados, no fundo elas querem alguém que as proteja, que cuide delas, e não um poeta meloso.

Vemos também outros dois problemas, na maioria absoluta dos casos quem é adepto dessa linguagem sentimentalista a usa para mascarar a sua indolência, ele não quer fazer sacrifícios, quer viver uma vida “light”, isso liga-se ao fato de outras tantas mulheres gostarem de homens assim, e isso se dá por dois motivos, o primeiro é porque ela também quer uma vida “light” e não procura um bom homem porque sabe que este sabendo da responsabilidade que tem tentará ser um instrumento da conversão pessoal dela, mas ela não quer mudar de vida, o outro motivo, do porque certas mulheres gostam desses bobões sentimentais, é que elas podem mandar neles, todos conhecemos esse tipo de mulher mandona, elas não gostam de homens sérios porque o orgulho delas as aferroa todas as vezes que tem que obedecê-los em alguma situação necessária, mas como os bobões não tem pulso, elas podem mandar a vontade, um relacionamento assim é uma bomba que está sempre a explodir pois os dois estão vivendo características que são contrárias a essência do seu gênero, o homem que deveria ser forte está sendo um bobo, a mulher que deveria agir com ternura está sendo uma ditadora.

É a força masculina que não deixa que a ternura feminina se torne fraqueza e é a ternura da mulher que não deixa que a força masculina se torne ignorância, se as pessoas – sejam em que estado de vida estiverem, solteiros, namorando ou casados – não se converterem, não buscarem aquilo que é próprio da natureza deles terão uma grande chance de se tornarem frustrados, as coisas só dão certo quando buscamos o sentido delas.

Um adendo antes do término, este tipo de palavreado pode causar outros males enormes, elogios exagerados a uma mulher são um veneno para sua alma.
Todos temos fraquezas provenientes do pecado original, e essas fraquezas atacam nossos sentidos de formas mais ou menos acentuadas de acordo com o gênero, do mesmo modo que os homens têm uma tendência maior a cair na tentação de olhar para o corpo feminino de forma impudica, as mulheres tem uma tendência maior a caírem no que elas ouvem, então, quanto mais elogios maior a chance de se envaidecerem-se ou caírem em "conversas fiadas".

Por isso, elogiar exageradamente uma mulher causa-lhe um mau na mesma proporção que causa a um homem ser exposto a visão de uma mulher vestida indecentemente, as duas situações são intoxicações espirituais, pois os provocam em pontos que são frágeis. Ver a beleza é um bem, ouvir um elogio é um bem, mas por causa das nossas tendências todo exagero nos cega. Quem verdadeiramente se preocupa com o outro não o coloca em situações que provoquem suas fraquezas, e ao contrário, busca ajuda em Deus para auxiliar o outro a vencê-las.
Cuidado com o que diz e com o modo como lida com o que você ouve.
"Ria-se dos elogios que as pessoas lhe façam, e repasse-os todos a Deus!" São Pe. Pio

Para terminar, uma comparação é sempre boa para esclarecer nossos pensamentos, então deixo uma reflexão, para as mulheres pensarem em qual das duas situações queriam viver, e para os homens, em qual das duas sua consciência mostra que é a correta. A primeira, o rapaz dá mil presentes, centenas de declarações melosas, dezenas de promessas megalomaníacas, mas, num momento de dificuldade da moça ele se esquiva de ajudá-la, se esconde do problema, a segunda, um rapaz nem diz tantas coisas, presenteia sim, mas com equilíbrio, promete o que pode cumprir pra aquele momento da vida, e acima de tudo, a moça pode contar com ele pra todos os momentos porque ele demonstra isso com suas atitudes de provedor, mestre e protetor. Pense bem, será que tipo de homem as mulheres gostariam de encontrar? E, que tipo de homem os rapazes deveriam estar predispostos a ser? A resposta já está aí na sua consciência, você já descobriu a diferença entre o que é ser carinhoso ou um bobão no relacionamento.

Pedimos a intercessão da Sagrada Família e do Glorioso São Rafael Arcanjo que conduzam todos aqueles que querem ter um namoro santo, e os que já vivem o compromisso do namoro ou do sacramento do Matrimônio.

Tiago Martins

Para saber mais, acesse os links abaixo:

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Obrigado, Santo Padre!


“Está correndo um boato que o Papa renunciou, mas não acreditem!” Assim ouvi a primeira notícia da renúncia do Santo Padre, estava eu num retiro e umas pessoas chegaram perto do padre pra lhe comunicar algo e ele disse essas palavras e mais algumas para nós retirantes, estávamos num local sem acesso a TV e internet por isso as notícias chegavam “picadas”, mas uns 15 minutos depois veio a notícia oficial. “Como assim? E agora?” Eram a perguntas que transpareciam no rosto de todos.

Mesmo passado alguns dias ainda estamos todos atônitos com a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI, apesar da tristeza e da saudade que já existe também estamos em paz, acima de tudo porque o mesmo Santo Padre está nos transmitindo sua paz através de sua lucidez nas palavras, então, creio que não seja necessário ficarmos nos indagando os porquês de sua renúncia, mas confiar na Providência Divina e agradecer a Deus por este grande santo, este grande presente a Santa Igreja, todas as palavras de agradecimento seriam insuficientes, neste artigo gostaria de prestar uma homenagem, um ato de agradecimento ao Santo Padre, confidenciarei alguns dentre tantos episódios de como Bento XVI foi importante para minha vida de fé, e também sabendo que sua influência sempre permeará a minha vida.

Fiquei um período de mais ou menos 5 anos um tanto afastado da Igreja, e foi no fim dessa época que ele foi eleito, confesso que fui um tanto indiferente a tudo, e pior, ainda dando ouvido a muitas baboseiras que a mídia dizia, e isso continuou por um tempo ainda, até na época do episódio do discurso na Universidade de Ratisbona (Regensburg) eu dei mais importância ao que via na mídia do que confiei na sua autoridade de pastor da Igreja. Mas passou-se o tempo, Deus permitiu que acontecessem algumas provações na minha vida que me fizeram retornar em direção a Ele, como o filho pródigo fez, as dificuldades me fizeram ver que a vida sem Deus não vale nada, e um dos grandes instrumentos visíveis dessa minha "volta" foi o Papa Bento XVI, a conversão é um processo diário daqui até o dia de nossa morte, mas sempre temos aqueles pontos chaves na vida de fé que acarretam mudanças maiores, e o Santo Padre sempre esteve ligado a estes meus "pontos de conversão."

O primeiro deles foi sua visita ao Brasil em 2007 para a abertura da Conferência Episcopal Latino-Americana que se realizaria em Aparecida do Norte-SP, todos que queremos viver a nossa fé neste mundo sem Deus sofremos preconceito e isso as vezes nos amedronta, eu passava pelo período da "primeira conversão" e muitas vezes tinha medo de professar minha fé publicamente, mas, quando eu vi o Santo Padre pela TV chegando ao Brasil, sendo seguido pelo povo, vendo o respeito que todos tinham por ele me deu um orgulho tão grande de ser católico, de fazer parte da mesma Igreja que ele, da mesma Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo fundou sobre Pedro, e naquele dia eu via Pedro aqui na terra onde nasci, todas as asneiras ditas pela mídia caiam por terra ao vermos o seu sorriso, ao ver o amor que ele tinha por sua ovelhas, com certeza a visita dele ao Brasil foi um divisor de águas para a minha vida de fé.

No mesmo ano li o primeiro livro da trilogia "Jesus de Nazaré" e sua primeira Encíclica, "Deus Caritas Est", Deus sabe o quanto estas duas obras primas me fizeram aprofundar no conhecimento do que é a fé, de como vive-la, e principalmente, de saber quem é a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, aprendi que Jesus não é simplesmente um "bom homem" com alguns ensinamentos sobre fraternidade, Ele é Deus, o Filho de Deus Encarnado, que continua entre nós através de sua Santa Igreja, Bento XVI dissipou as confusões teóricas que me enchiam a mente e me mostrou o rosto de Cristo, e que Ele veio ao mundo para nos trazer Deus, pois Ele é o próprio Deus.

Com o passar do tempo fui tendo a graça de ler mais ainda seus textos, apreciar suas catequeses, seus discursos quando visitava outros países, discursos aos bispos, padres e religiosos, seu grande empenho na defesa da família e da dignidade humana, seu modo de discursar perante a líderes de outras religiões sem abdicar um milímetro da fé católica, seu grande amor e defesa da sacra liturgia, e acima de tudo, seu grande exemplo de pastor, com humildade de saber que apesar de ser o supremo pastor da Igreja Militante ele era um "humilde servo na vinha do Senhor", como o demonstrou na sua renúncia, e também sua grande coragem, ao sofrer o martírio branco, o ataque da “ditadura do relativismo” que ele tanto condenou, ele sempre me fez lembrar a passagem bíblica onde diziam sobre Jesus "ele ensinava com autoridade", assim também eu via o Santo Padre, ele ensinou com autoridade, pois viveu tudo o que ensinou, nele víamos o que é dito quando é eleito um Papa, "Habemus Papam", temos um pai, sim, olhando para ele eu podia repetir, temos um pai.

Tantas outras coisas influenciaram na minha vida de fé, como a leitura do livro "Introdução ao Cristianismo" que ele escreveu antes de ser nomeado bispo, livro que me tirou tantas dúvidas sobre a fé, suas mensagens e exemplos nas Jornadas Mundiais da Juventude, sua coragem de entrar em ambientes seculares e discursar sem medo sobre Nosso Senhor, quantas e quantas vezes suas palavras foram um norte na minha vida.

Sempre me chamou muito a atenção sua equilibrada e piedosa devoção a Virgem Maria, suas palavras sobre Ela foram sempre belíssimas, mas suas atitudes me marcaram mais ainda, principalmente ao vê-lo rezando o santo terço, vê-lo olhando para Ela com o mesmo brilho no olhar de um filho que ama muitíssimo a sua Mãe. Piedade e equilíbrio, palavras que demonstram muito bem suas atitudes, lembro que certa vez passava por um período em que as pessoas me criticavam por tentar ficar de uma maneira mais sóbria ao assistir a Santa Missa, por eu não gostar desses "shows" de pessoas que deturpam a liturgia, nesta época enquanto assistia a Missa do Galo eu refletia sobre a sua sobriedade e simplicidade na Santa Missa, e quanto isso mostrava a magnitude de Deus, como isso me reforçou ainda mais a convicção que eu deveria não dar ouvidos aos que outros dizem e sim obedecer a Igreja, obedecer ao Papa, e isso me deu muita coragem pra seguir no meu apostolado.

Outra coisa que sempre me deu forças foi ver que mesmo sendo uma pessoa tímida ele não fugia dos seus compromissos, imaginem só, uma pessoa discreta, que não gosta de aparecer e derrepente ser uma das mais, se não a mais visada do mundo? Digo isto porque eu sempre fui de temperamento tímido e sempre fui criticado, mas ver o exemplo do Santo Padre também me fez cada vez mais ver que timidez não é defeito, é uma característica do temperamento, somos nós que a conduzimos para um lado bom ou ruim, que mesmo que tenhamos dificuldades vale a pena enfrentar nossas peculiaridades de temperamento se for por um objetivo maior.

Enfim, todas as palavras que eu dissesse seriam poucas pra agradecer, se eu fosse escrever acontecido daria um livro completo, então digo somente, muito obrigado, Santo Padre. Obrigado por me mostrar o rosto de Cristo, por me fazer amar mais a Virgem Santíssima, a venerar os santos com fervor, obrigado por “confirmar” a minha fé (cf. Lc 22,32). Pensei que o veria na Jornada Mundial da Juventude, mas não :/, que Deus me dê a graça de vê-lo no Céu um dia. :)

Que a Virgem Santíssima, Mãe da Igreja, o guarde e que nos dê um pastor tão santo quanto o senhor foi. Obrigado, Santo Padre!

Tiago Martins

Para citar este texto:
Tiago Martins “Obrigado, Santo Padre!”
Blog Mater Dei
http://materdei1.blogspot.com/2013/02/obrigado-santo-padre.html


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rock, Revolução e fé católica




A pedido de alguns amigos e filhos espirituais faço saber minha opinião sobre o Rock.

Temos visto espalharem-se pelo mundo on line vários textos sobre o assunto. Alguns, apaixonados defensores, vestem a camisa (literalmente), andando de preto, fazendo tatuagens, deixando o cabelo comprido e assim por diante. Outros, católicos moderados defensores, dizem que desde que as letras sejam boas, desde que não tenham teor satânico, ou desde que não seja “muito pesado”, não haveria problema algum em escutar um “bom rock”. Ainda alguns, radicalmente opositores, apresentam letras satânicas, práticas desonestas, dizendo que por causa desse incentivo não se deve escutar nenhum tipo de rock.

Aqueles que me conhecem já sabem a minha posição a respeito, mas tentarei explicar de modo conciso aquilo que já sabem através de explicações em palestras e formações que já dei. Aliás, peço aos leitores desculpas antecipadas por ser péssimo escritor.

Penso que, em primeiro lugar, deveríamos definir o que seja o rock, pois só podemos admitir um valor positivo ou negativo àquilo que conhecemos. Muitos dirão: o rock é um estilo musical como outro qualquer que nasceu dentro de um determinado ambiente cultural; outros falarão que o rock é um estilo musical satânico que arrasta seus ouvintes ao mundo dos vícios e do pecado; outros ainda, que o rock é “um estilo de vida, UH! HU!”, e levantarão os dedos indicador e mindinho das mãos.

Ao meu ver, nenhuma destas posições conseguiu definir o rock como tal. E sem mais delongas defino-o do seguinte modo: o rock é um estilo musical revolucionário. Explicarei.
Em primeiro lugar, recordemos o que é a revolução:
Revolução é um atentado qualquer contra a ordem imposta por Deus na criação. O primeiro revolucionário foi o Demônio que rebelou-se contra Deus e depois fez Adão e Eva comerem o fruto proibido.

Muitas vezes temos ouvido de alguns redutos comunistas (que se dizem católicos) que “Jesus foi o maior de todos os revolucionários”. Ora, isso é um verdadeiro absurdo, pois Nosso Senhor não veio causar um mal à ordem, mas sim, Ele veio restituí-la. O mundo, que estava em verdadeira desordem por causa do pecado, tem agora a oportunidade de restabelecer a ordem através de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Voltando ao rock, muitos poderiam defender alguns pontos que consideram bons no rock. Porém, ninguém poderia discordar do fato de o rock ser um estilo musical e ainda revolucionário. E é revolucionário por contrariar a ordem. Ou alguém vai querer defender que o rock, na verdade, propagaria a ordem? O próprio modo como os instrumentos são tocados (distorção de guitarra, por exemplo) transmitem-nos uma contradição em relação à ordem que é própria à música.

Antes de entrar no seminário confesso que era um daqueles que gostava de ouvir um “bom rock”. No entanto, ao perceber o aspecto revolucionário do mesmo, renunciei completamente a este estilo.
A minha opinião é, pois, que o rock não deveria ser ouvido, por ser revolucionário. E se combatemos a revolução, devemos combatê-la como um todo e não só uma parte dela.

Compreendo, no entanto, que nem todos podem chegar rapidamente a essas compreensões.
Todavia quero deixar claro que essa postura de renunciar ao rock por ser revolucionário, é uma postura pessoal. Já expliquei muitas vezes a amigos e filhos espirituais como cheguei a essas definições e considero inútil postar essa longa história aqui. Se alguém quiser conversar comigo, estarei à disposição.

Deus abençoe a todos!

Fonte: Clique aqui

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Saiba sobre o assunto, acesse os links abaixo:



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A furiosa verdade



por G.K. Chesterton

“... a carruagem celestial voa esfuziante atravessando as épocas. Enquanto as monótonas heresias estão esparramadas e prostradas, a furiosa verdade cambaleia, mas segue de pé.”

 Último e mais importante: é exatamente isso que explica o que é tão inexplicável para todos os críticos modernos da história do cristianismo. Refiro-me às monstruosas guerras sobre pequenos pontos de teologia, os terremotos de emoção envolvendo um gesto ou uma palavra.  Era apenas uma questão de um centímetro; mas um centímetro é tudo quando você está equilibrando.

A Igreja não poderia se der ao luxo de oscilar um milímetro em alguns pontos, se quisesse continuar seu grande e ousado experimento do equilíbrio irregular.  Assim que se permitisse que uma idéia perdesse um pouco de sua força, alguma outra idéia ganharia força demais. O que o pastor cristão conduzia não era um rebanho de ovelhas, mas sim uma manada de touros e tigres, de terríveis ideais e vorazes doutrinas, cada uma delas forte o suficiente para transformar-se numa falsa religião e devastar o mundo.

Lembre-se de que a Igreja abraçou especificamente idéias perigosas; ela foi uma domadora de leões.  A idéia do nascimento por meio do Espírito Santo, da morte de um ser divino, do perdão dos pecados ou do cumprimento das profecias — qualquer um pode ver que são idéias que precisam apenas de um toque para transformar-se em algo blasfemo ou feroz.  Os artífices do Mediterrâneo deixaram que o menor elo se partisse, e o leão do pessimismo ancestral rompeu sua cadeia nas esquecidas florestas do norte. Dessas compensações teológicas devo falar mais adiante. Aqui basta observar que se algum pequeno erro fosse cometido na doutrina, enormes disparates poderiam ser cometidos na felicidade humana.

Uma frase formulada erroneamente acerca da natureza do simbolismo teria quebrado todas as melhores estátuas da Europa. Um deslize nas definições poderia parar todas as danças; poderia secar todas as árvores de Natal ou quebrar todos os ovos de Páscoa. As doutrinas tinham de ser definidas dentro de rigorosos limites, até mesmo para que o homem pudesse desfrutar de liberdades humanas gerais. A Igreja precisou ser cuidadosa, se não por outro motivo para que o mundo pudesse ficar despreocupado.

Essa é a emocionante aventura da Ortodoxia.  As pessoas adquiriram o tolo costume de falar de ortodoxia como algo pesado, enfadonho e seguro.  Nunca houve nada tão perigoso ou tão estimulante como a ortodoxia.  Ela foi à sensatez, e ser sensato é mais dramático que ser louco.  Ela foi o equilíbrio de um homem por trás de cavalos em louca disparada, parecendo abaixar-se para este lado, depois para aquele, mas em cada atitude mantendo a graça de uma escultura e a precisão da aritmética.

A Igreja em seus primeiros dias correu violenta e velozmente com qualquer cavalo de  batalha;  no  entanto,  é  totalmente  anti-histórico  dizer  que  ela  apenas  cometeu loucuras  apegando-se  a uma única idéia, como um fanatismo vulgar. Ela curvou-se para a esquerda e para a direita, na medida exata a fim de evitar enormes obstáculos.

Num dado momento ela abandonou o enorme vulto do arianismo, apoiado por todos os poderes deste mundo para fazer o cristianismo mundano demais. No instante seguinte ela estava se curvando para evitar o orientalismo, que o teria espiritualizado demais. A Igreja ortodoxa nunca tomou a rota fácil ou aceitou as convenções; a Igreja ortodoxa nunca foi respeitável. Teria sido mais fácil ter aceitado o poder terreno dos arianos. Teria sido mais fácil, durante o calvinista século XVII, cair no abismo infinito da predestinação. E fácil ser louco; é fácil ser herege. E sempre fácil deixar que cada época tenha a sua cabeça; o difícil é não perder a própria cabeça. E sempre fácil ser um modernista; assim como é fácil ser um snob. Cair em qualquer uma das ciladas explícitas de erro e exagero que um modismo depois de outro e uma seita depois de outra espalharam ao longo da trilha histórica do cristianismo — isso teria sido de fato simples.

É sempre simples cair; há um número infinito de ângulos para levar alguém à queda, e apenas um para mantê-lo de pé. Cair em qualquer um dos modismos, do agnosticismo à Ciência Cristã, teria de fato sido óbvio e sem graça. Mas evitá-los a todos tem sido uma estonteante aventura; e na minha visão a carruagem celestial voa esfuziante atravessando as épocas.  Enquanto as monótonas heresias estão esparramadas e prostradas, a furiosa verdade cambaleia, mas segue de pé.

G.K. Chesterton – Ortodoxia, pg. 166 a 168 - Ed. Mundo Cristão
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