“Está correndo um boato que o Papa
renunciou, mas não acreditem!” Assim ouvi a primeira notícia da renúncia do
Santo Padre, estava eu num retiro e umas pessoas chegaram perto do padre pra
lhe comunicar algo e ele disse essas palavras e mais algumas para nós retirantes, estávamos
num local sem acesso a TV e internet por isso as notícias chegavam “picadas”,
mas uns 15 minutos depois veio a notícia oficial. “Como assim? E agora?” Eram a
perguntas que transpareciam no rosto de todos.
Mesmo passado alguns dias ainda
estamos todos atônitos com a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI,
apesar da tristeza e da saudade que já existe também estamos em paz, acima de
tudo porque o mesmo Santo Padre está nos transmitindo sua paz através de sua
lucidez nas palavras, então, creio que não seja necessário ficarmos nos
indagando os porquês de sua renúncia, mas confiar na Providência Divina e
agradecer a Deus por este grande santo, este grande presente a Santa Igreja,
todas as palavras de agradecimento seriam insuficientes, neste artigo gostaria
de prestar uma homenagem, um ato de agradecimento ao Santo Padre, confidenciarei
alguns dentre tantos episódios de como Bento XVI foi importante para minha vida
de fé, e também sabendo que sua influência sempre permeará a minha vida.
Fiquei um período de mais ou menos 5
anos um tanto afastado da Igreja, e foi no fim dessa época que ele foi eleito,
confesso que fui um tanto indiferente a tudo, e pior, ainda dando ouvido a
muitas baboseiras que a mídia dizia, e isso continuou por um tempo ainda, até
na época do episódio do discurso na Universidade de Ratisbona (Regensburg) eu
dei mais importância ao que via na mídia do que confiei na sua autoridade de
pastor da Igreja. Mas passou-se o tempo, Deus permitiu que acontecessem algumas
provações na minha vida que me fizeram retornar em direção a Ele, como o filho
pródigo fez, as dificuldades me fizeram ver que a vida sem Deus não vale nada,
e um dos grandes instrumentos visíveis dessa minha "volta" foi o Papa
Bento XVI, a conversão é um processo diário daqui até o dia de nossa morte, mas
sempre temos aqueles pontos chaves na vida de fé que acarretam mudanças
maiores, e o Santo Padre sempre esteve ligado a estes meus "pontos de
conversão."
O primeiro deles foi sua visita ao Brasil em 2007 para a abertura da Conferência Episcopal Latino-Americana que se
realizaria em Aparecida do Norte-SP, todos que queremos viver a nossa fé neste
mundo sem Deus sofremos preconceito e isso as vezes nos amedronta, eu passava
pelo período da "primeira conversão" e muitas vezes tinha medo de
professar minha fé publicamente, mas, quando eu vi o Santo Padre pela TV
chegando ao Brasil, sendo seguido pelo povo, vendo o respeito que todos tinham
por ele me deu um orgulho tão grande de ser católico, de fazer parte da mesma
Igreja que ele, da mesma Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo fundou sobre
Pedro, e naquele dia eu via Pedro aqui na terra onde nasci, todas as asneiras
ditas pela mídia caiam por terra ao vermos o seu sorriso, ao ver o amor que ele
tinha por sua ovelhas, com certeza a visita dele ao Brasil foi um divisor de
águas para a minha vida de fé.
No mesmo ano li o primeiro livro da
trilogia "Jesus de Nazaré" e sua primeira Encíclica, "Deus Caritas Est", Deus sabe o quanto estas duas obras primas me fizeram
aprofundar no conhecimento do que é a fé, de como vive-la, e principalmente, de
saber quem é a Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, aprendi que Jesus não é
simplesmente um "bom homem" com alguns ensinamentos sobre
fraternidade, Ele é Deus, o Filho de Deus Encarnado, que continua entre nós
através de sua Santa Igreja, Bento XVI dissipou as confusões teóricas que me enchiam
a mente e me mostrou o rosto de Cristo, e que Ele veio ao mundo para nos trazer
Deus, pois Ele é o próprio Deus.
Com o passar do tempo fui tendo a
graça de ler mais ainda seus textos, apreciar suas catequeses, seus discursos
quando visitava outros países, discursos aos bispos, padres e religiosos, seu
grande empenho na defesa da família e da dignidade humana, seu modo de
discursar perante a líderes de outras religiões sem abdicar um milímetro da fé
católica, seu grande amor e defesa da sacra liturgia, e acima de tudo, seu
grande exemplo de pastor, com humildade de saber que apesar de ser o supremo
pastor da Igreja Militante ele era um "humilde servo na vinha do Senhor", como o demonstrou na sua renúncia, e também sua grande coragem,
ao sofrer o martírio branco, o ataque da “ditadura do relativismo” que ele
tanto condenou, ele sempre me fez lembrar a passagem bíblica onde diziam sobre
Jesus "ele ensinava com autoridade", assim também eu via o Santo
Padre, ele ensinou com autoridade, pois viveu tudo o que ensinou, nele víamos o
que é dito quando é eleito um Papa, "Habemus Papam", temos um pai,
sim, olhando para ele eu podia repetir, temos um pai.
Tantas outras coisas influenciaram
na minha vida de fé, como a leitura do livro "Introdução ao Cristianismo" que ele escreveu antes de ser nomeado bispo, livro que me
tirou tantas dúvidas sobre a fé, suas mensagens e exemplos nas Jornadas
Mundiais da Juventude, sua coragem de entrar em ambientes seculares e discursar
sem medo sobre Nosso Senhor, quantas e quantas vezes suas palavras foram um
norte na minha vida.
Sempre me chamou muito a atenção sua
equilibrada e piedosa devoção a Virgem Maria, suas palavras sobre Ela foram
sempre belíssimas, mas suas atitudes me marcaram mais ainda, principalmente ao
vê-lo rezando o santo terço, vê-lo olhando para Ela com o mesmo brilho no olhar
de um filho que ama muitíssimo a sua Mãe. Piedade e equilíbrio, palavras que
demonstram muito bem suas atitudes, lembro que certa vez passava por um período
em que as pessoas me criticavam por tentar ficar de uma maneira mais sóbria ao
assistir a Santa Missa, por eu não gostar desses "shows" de pessoas
que deturpam a liturgia, nesta época enquanto assistia a Missa do Galo eu
refletia sobre a sua sobriedade e simplicidade na Santa Missa, e quanto isso mostrava
a magnitude de Deus, como isso me reforçou ainda mais a convicção que eu
deveria não dar ouvidos aos que outros dizem e sim obedecer a Igreja, obedecer
ao Papa, e isso me deu muita coragem pra seguir no meu apostolado.
Outra coisa que sempre me deu forças
foi ver que mesmo sendo uma pessoa tímida ele não fugia dos seus compromissos,
imaginem só, uma pessoa discreta, que não gosta de aparecer e derrepente ser
uma das mais, se não a mais visada do mundo? Digo isto porque eu sempre fui de
temperamento tímido e sempre fui criticado, mas ver o exemplo do Santo Padre
também me fez cada vez mais ver que timidez não é defeito, é uma característica
do temperamento, somos nós que a conduzimos para um lado bom ou ruim, que mesmo
que tenhamos dificuldades vale a pena enfrentar nossas peculiaridades de
temperamento se for por um objetivo maior.
Enfim, todas as palavras que eu
dissesse seriam poucas pra agradecer, se eu fosse escrever acontecido daria um
livro completo, então digo somente, muito obrigado, Santo Padre. Obrigado por
me mostrar o rosto de Cristo, por me fazer amar mais a Virgem Santíssima, a
venerar os santos com fervor, obrigado por “confirmar” a minha fé (cf. Lc
22,32). Pensei que o veria na
Jornada Mundial da Juventude, mas não :/, que Deus me dê a graça de vê-lo no
Céu um dia. :)
Que a Virgem Santíssima, Mãe da
Igreja, o guarde e que nos dê um pastor tão santo quanto o senhor foi.
Obrigado, Santo Padre!
Tiago Martins
Para citar este texto:
Tiago Martins – “Obrigado, Santo
Padre!”
Blog Mater Dei
http://materdei1.blogspot.com/2013/02/obrigado-santo-padre.htmlBlog Mater Dei
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