quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A banalização do amor carnal (Eros)


Qualquer lingüista recomenda que ao escrever o texto a preocupação final seja o título. Contudo resolvi desrespeitar tal regra gramatical desta vez, pois gostaria de começar minha reflexão sobre a desmoralização do amor carnal - o eros - na atualidade a partir de uma comparação entre duas canções que alcançaram um grande sucesso em suas épocas.


A primeira música que proponho para uma breve análise é “A namorada que sonhei”, de autoria do mineiro Nilton César, gravada no auge da Jovem Guarda na década de 70. A música começa com uma oferta generosa de rosas feita pelo eu lírico, que garante que a moça em questão seria a namorada que sonhara por toda a vida, que nada mais pediria a Deus desde que este amor fosse eterno. O mais interessante é o que vem depois, o autor expressa que no futuro se casados ele ainda faria ofertas de rosas, pois seriam eternos namorados.


A outra música em questão é “Ai se eu te pego”, que causa grande explosão de sucesso nos dias atuais na voz de Michel Teló, ao ponto de eu não conseguir descobrir quem foi que a gravou originalmente, mas talvez seja ele mesmo. Nesta composição o autor todo momento deixa claro que seu desejo seria “pegar” a mais linda moça que passara na balada (um ambiente que creio que seja muito favorável para se encontrar um verdadeiro amor, não é?), visto que seria ela uma “delícia”, provavelmente por ter um corpo bonito, pois ela estava matando-o de libido. Na canção a palavra amor e seus derivados são simplesmente ignorados.


Vejamos a que ponto chegou a banalização do amor carnal, o eros. Enquanto em 1970 a canção em destaque falava até mesmo de um amor eterno, com todo respeito, agora em 2011, o tema desta que fica por conta da beleza física da mulher. Ora, sei que a beleza pode ser um fator importante em uma realização, pois é maravilha do poder de Deus, mas não é tudo. A beleza fundamental, como qualquer criança pura sabe muito bem, é a interior, a que há no coração.


Em 2005 o Papa Bento XVI fez uma exposição muito interessante na Encíclica Deus Caritas Est sobre a principal conseqüência desta marginalização desenfreada do eros na atualidade: “o modo de exaltar o corpo, a que assistimos hoje, é enganador. O eros degradado a puro ‘sexo’ torna-se mercadoria, torna-se simplesmente uma ‘coisa’ que se pode comprar e vender; antes, o próprio homem torna-se mercadoria.” [1] É verdade mesmo. Os relacionamentos atuais parecem casos entre homens e prostitutas ou mulheres e gigolôs.


Agora façamos outra brevíssima reflexão: qual música explodiu com mais impacto no cenário de sua realidade? Com certeza aquela que exalta esse amor ao corpo, e não a que o mostra que o verdadeiro amor é aquele que ama a pessoa integralmente.


Em um site de letras de músicas há mais de 200000 acessos na página de “Ai se eu te pego”, enquanto a canção de Nilton César recebeu 23000 acessos desde a sua criação, isso há uns 5 anos no mínimo. Qualquer criança hoje sabe cantar a música do Michel Teló, enquanto a outra é lembrada apenas por namorados “retrógrados”.


Mas é bom deixar claro que esse mal não é exclusivo deste ou daquele artista, pois é uma tendência da atualidade; é um dos resultados do modernismo já condenado pelo grande São Pio X.


Não é minha intenção usar este espaço para influenciar qualquer pessoa que seja a ir contra alguém. Jamais quis isto. Minha intenção, assim como de todos os que ouvem a voz de Sua Santidade Bento XVI é condenar mais um atentado contra o Matrimônio, sacramento tão desvalorizado hoje em dia.


Mais uma vez Bento XVI deixa evidentes indícios de que é um grande candidato a se tornar Doutor da Igreja um dia. Ele salienta que para haver uma relação verdadeiramente amorosa entre duas pessoas é preciso entender que “nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor (o eros) pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza.” [2]


Creio que após esta pequena análise fica mais fácil entender o motivo de haver tantos divórcios, tantas traições e tantas insatisfações entre os casais. Creio que falta às pessoas entenderem que o corpo bonito daquele com quem você escolheu viver amanhã pode estar todo acabado, e que um relacionamento só pode dar certo se haver amor, um amor que não olha as aparências, mas sim a alma.


“Uma relação amorosa é uma coisa muito séria. Não é a toa que um dos símbolos do amor é uma chama de combustão, pois com fogo não se brinca,assim como com o amor. Quem se arrisca irresponsavelmente sofre sérios danos.” [3]


João Carlos Resende


[1] Encíclica "Deus Caritas Est", I parte, parágrafo 5.


[2] Idem.


[3] Dom Frei Célio de Oliveira Goulart, homilia da Santa Missa de Crisma em Resende Costa-MG. 22/10/2011.

domingo, 23 de outubro de 2011

A persistência e a fé conduzem à vitória


Muitas vezes nos deixamos vencer muito facilmente, em qualquer desafio ou obstáculo que a vida nos impõe. Diante de nossas desistências e de nossos pessimismos é simplesmente impossível alcançarmos os nossos objetivos. Com certeza se Cristo tivesse desistido de carregar a cruz até o Calvário e ser tão forte para morrer como morreu, a história do mundo tomaria outros rumos. Mas Jesus foi persistente e nos deixou maravilhoso exemplo.

Diante desta breve reflexão quero expor um exemplo acontecido em minha vida. No início de setembro minha avó materna, Maria Rosária de São José, uma católica muito fervorosa, mãe de 13 filhos e há 56 anos casada com meu avô fez um exame para descobrir o que causava as fortes dores que sentia ao lado da barriga. O resultado chocou o médico e ele a pediu que fizesse exames mais sofisticados e apresentasse a outro médico. Este ao ver os novos exames relatou a meus tios que um de seus rins já havia desaparecido, e que isso deveria ter sido causado por um câncer, mas pediu para que ninguém contasse a ela a situação sem ao menos passar por um especialista da área.

Ao ficar a par da situação, minha mãe, Jacinta Aparecida, 42, ficou profundamente contrariada pela iminente morte daquela que a havia criado e começou a fazer coisas simples de uma maneira conturbado. Seu comportamento descontrolado a fez sofrer uma constipação muito forte, a levando a um derrame pleural.

Minha mãe sempre se fez de muito forte e dizia que estava tudo bem. No sábado dia 1/10, após participar da missa na Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha de França, Resende Costa/MG, minha mãe foi a emergência do Hospital da cidade para ser atendida por um médico para saber a gravidade de sua situação.

O médico, após examina-la, lhe disse que necessitava de repouso, pois segundo ele estava com um simples resfriado. Minha mãe seguiu as recomendações do médico, mas sua dor na região da caixa torácica só aumentava. Na terça dia 4 ela volta ao Hospital e ao passar por um exame de raio-X a médica lhe alertou sobre seu estado gravíssimo e a internou para tratamento.

Os médicos procuraram-nos e nos disseram que dentro de seus pulmões havia 7 litros de água, mais ou menos. Entramos em desespero, pois apenas minha mãe corria sérios ricos de morrer e chamamos o pároco para lhe ministrar o sacramento da Unção dos Enfermos. No dia 5 tive a idéia de fazer uma novena a São Geraldo Magela, lhe pedindo a cura de minha avó e minha mãe.

Mas uma casa sem uma mulher não fica muito bem arrumada. Estando meu irmão de 11 anos extremamente amargurado e meu pai tão chateado que parecia uma criancinha foi preciso que eu assumisse o controle da situação em casa, o que me deixou extremamente cansado. No dia 6, sem tempo devido às atividades domésticas que não são poucas aqui, deixei para fazer minhas orações da novena antes de dormir.

Estando minha mãe melhor de saúde e eu exausto pelo serviço do lar, quando ia rezar, já tarde da noite, me veio uma idéia de deixar a novena de lado naquele dia e começá-la novamente no outro dia. Já havia arrumado minha cama e fazia um frio imenso. Estava apenas com um pijama fininho e quando ia repousar decidi fazer a oração do dia. Caindo de sono rezei a meu santo querido, sem qualquer piedade, mas movido pela minha persistência.

Já no dia 7, dia de Nossa Senhora do Rosário, padroeira de uma igreja que fica a poucos metros da minha residência, minha mãe estava sem risco de morte iminente. No dia 11, 7° dia da minha novena, minha mãe recebeu alta. Não desisti, pois São Geraldo havia me provado que devemos sempre persistir.

No dia 13, último dia do novenário, o especialista em doenças renais apresentou o resultado dos exames realizados pela minha avó materna. Apesar de parecer um câncer avançado seu estado de saúde estava bom. Seu rins haviam atrofiado em um dos partos, causando assim enormes dores, mas esta situação não compromete seu estado de vida.

Ao saber disso logo decidi contar o meu caso a todos quantos forem possíveis, até quando minhas forças permitirem. Disso tirei um exemplo para minha vida. Certamente não teria alcançado tais graças com tanta rapidez se não tivesse persistido diante de meu cansaço. São Geraldo me mostrou que muito mais que qualquer coisa Deus olha as nossas intenções e principalmente nossa persistência; o quanto lutamos. Espero que este exemplo seja útil para todos.

Não há palavras que eu encontre para agradecer a meu bondoso advogado, o glorioso São Geraldo Magela, mas devo tudo isto a ele. Depois disso só desejo que as pessoas tenham fé e persistência, pois estas nos levam sempre à vitória em Deus.

São Geraldo Magela, rogai por nós!

João Carlos Resende

P.S.: Oração a São Geraldo Magela nesse link

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Minha Batalha de Lepanto


"Por meio desta devoção à Maria, cheguemos mais depressa a Jesus, e como na batalha de Lepanto, Nossa Senhora do Rosário nos leve à vitória em todas as lutas da vida."

Tive a graça de passar meus tempos de infância num ambiente onde se costumava rezar o terço com freqüência, capitaneados pela minha avó paterna tinhamos o costume de fazer várias novenas e rezar em ocasiões especiais. Como criança e depois como adolescente, mesmo não dando o apreço necessário a isso, lá no fundo eu sabia que era uma coisa muito boa, que era um caminho correto.

Com o falecimento da minha avó as coisas se "esfriaram", esses momentos passaram a ser coisas raras, não por coincidência foi a época que eu comecei a me afastar da Igreja e começar a dar mais atenção a coisas que não me aproximavam de Deus.

Apesar desse afastamento, Deus tinha cravado no meu coração duas coisas que serviriam de anzol pra quando Ele me chamasse de volta, era o respeito a Eucaristia e a Nossa Senhora.

"Soube-se depois que, no maior fragor da batalha, os soldados de Mafoma tinham avistado acima dos mais altos mastros da esquadra católica uma Senhora, que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador."


Na Batalha de Lepanto era necessário que os príncipes católicos deixassem seu orgulho de lado, suas picuinhas e se unissem ao Papa para que assim tivessem força para lutar em nome de Deus contra os infiéis muçulmanos. Deus os chamava para lutar pelo único objetivo que vale a pena. Depois de aceitarem entrar na batalhar tiveram inúmeras adversidades mas por causa da intercessão de Nossa Senhora, Auxilium Christianorum, eles venceram.

Também foi parecida a minha batalha, Deus me chamava de várias formas, martelava minha consciência, principalmente ele me mostrava que nas horas de perigo eu poderia contar com Nossa Senhora. A mensagem de Fátima sempre me era exposta, "rezai o terço todos os dias", eu até tentava, mas inventava desculpas pra mim mesmo e não continuava, do mesmo modo que os príncipes cristãos se desculpavam para não entrar na Batalha.

O orgulho me cegava, eu preferia vencer sozinho, pra quer lutar com outros seu eu posso vencer por mim mesmo?
O Sultão otomano traiu o acordo feito com o governante Veneziano e atacou o seu território, foi preciso que os príncipes cristãos sofressem para perceber que a luta era necessária, e que só é possível vencer quando se combate por Deus e para Deus.

Foi preciso que eu sofresse nos meus olhos físicos para começar a enxergar com os olhos espirituais, foi preciso eu me sentir impotente para perceber que meus planos não são nada, eu sabia que Deus era maior que tudo, mas não vivia como se Ele fosse, era hora de tomar juízo e colocar Deus em primeiro lugar se não a batalha da minha vida estaria perdida.

Costumo dizer que Nossa Senhora é ruim de matemática, pois damos uma pequena coisa a e Ela nos retribui dez vezes mais, uma pequena abertura que dei a Deus e Ela começou a me retribuir com graças que nunca pensei que fosse ter. A semente que Ela mesmo plantou na minha infância agora fazia germinar com mais força, ele me arrastava a oração do terço diário.

Como disse, quando era criança não entendia muito bem a oração do terço mas sabia que era algo bom, já quando adulto recebi o convite de entrar na Congregação Mariana, eu não conhecia nada a respeito, mas sabia que ela era de Nossa Senhora, então só poderia vir algo bom.

Dentre inúmeras coisas que me levaram a entender a necessidade de rezar o terço diariamente destaco uma: Certa vez começaram a rezar o terço e eu não tinha um comigo, uma mulher me disse: "mas como pode um congregado andar sem um terço?", isso me acordou, eu já percebia a graça que era ser congregado mariano e devia corresponder mais ainda a Nossa Senhora, além de carregar, eu precisava aprender a rezar o terço.

Quase na mesma época eu comecei a trabalhar no meu emprego que estou hoje, que fica numa cidade vizinha, comecei a aproveitar o tempo no ônibus até o serviço pra rezar o terço diariamente, no começo eu o ouvia no mp3 e acompanhava e com o tempo comecei a rezar normalmente.

Depois de um certo tempo reparei na coincidência, ou melhor, Providência, esta cidade tem como padroeira Nossa Senhora do Rosário, era Ela me chamando a esta cidade pra que eu aprendesse a rezar.

Nossa vida de conversão é contínua, mas nela temos certos estágios, aconteceu algo que me fez passar por mais um, me animar ainda mais a crescer na fé, que foi a visita a Administração Apostólica São João Maria Vianney, na cidade de Campos - RJ, onde se mantém viva a Tradição e a celebração do Rito Extraordinário da Missa, mais uma vez era Ela me chamando, a Igreja Principal (o que equivaleria a catedral) de lá tem como padroeira Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Este ano passei por mais uma situação no qual percebi Nossa Senhora me amparando, Ela me fez "cair do cavalo" novamente e perceber que dar uma de super herói e querer resolver as coisas sozinho só nos afastam de Deus, perceber que minha força não é nada e a Misericórdia de Deus é tudo, como uma Mãe de verdade, Ela sabe ser ter ternura e força ao mesmo tempo.

Esses são apenas alguns fatos dentre tantos acontecidos, se fossemos contar quantas vezes Nossa Senhora intercedeu na nossa batalha diária escreveríamos um livro. Assim é a nossa vida de conversão, perdemos uma batalha e as coisas começam a parecer difíceis de serem resolvidas, mas como na Batalha de Lepanto, as coisas tinham tudo pra dar errado, mas Ela apareceu e pôs os inimigos a bater em retirada, recobrando as forças, dando as armas necessárias para o combate e a vitória.

A Rainha e o Rei do Universo nunca deixarão que um súdito se perca.

Tiago Martins da Silva

[1] Minha avó é o maior exemplo de fé entre as pessoas que convivi pessoalmente, sempre a vi colocando tudo em primeiro lugar nas mãos de Deus, sem reclamar e nunca perder o sorriso mesmo enfrentando uma doença séria no final da vida. Sei que hoje ela faz mais ainda por nós, ela é a personificação da afirmação de Santa Teresinha: “... passarei o meu Céu fazendo o bem aqui na Terra.”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Em defesa de São Francisco de Assis e seu verdadeiro legado


É revoltante: todos os anos, quando se inicia o mês de Outubro, lembram de São Francisco de Assis e logo que citam seu nome já vem com aquele discurso de planta pra lá, animais pra cá, chega a dar náuseas. Há católicos - ou como dizia Dom Eusébio Scheid, caóticos - que sequer citam o nome do santo; já vão logo falar de peixes, cachorros, gatos, galinhas, gramas, Amazônia e assim por diante. Isso é luciferino.


Tudo bem, qualquer um que tenha o bom senso vindo de Deus sabe que a Igreja deve mesmo defender a natureza, pois o Senhor a criou demonstrando ali como é poderoso; para isso basta observar a beleza das rosas e a brancura dos lírios.

As plantas e os animais foram criados para servir ao homem, e em troca este lhe deve tratar com benevolência. Mas há certas pessoas que querem que seja o contrário: o homem é que deve servir a natureza. Eu lhe proponho um teste: vá a São Paulo no Hospital das Clínicas e provoque um aborto. Você vai sair de lá como estrela de capa de revista, pois “o mundo não suporta mais pessoas”. Agora, vá a Fernando de Noronha e quebre um ovo de tartaruga para ver se você não vai parar atrás das grades, e em certos casos ainda vai ter que responder em julgamento.


São Francisco não defendeu nunca a natureza como se fosse um homem ou até mesmo um deus, assim como nenhum santo. São Francisco fez muito mais que isso: cuidou do homem, da alma das pessoas. Fundou uma Ordem para reformar a Igreja sem destruí-la. São Francisco trouxe os valores evangélicos de volta para uma época marcada pelo luxo e pela ganância. São Francisco se antecipou a cumprir o ensinamento de Bento XVI: a primeira ecologia a ser defendida é a "ecologia humana" [1], pois muito mais importante que salvar a natureza é salvar a alma.


São Francisco deve ser lembrado primeiramente por ser aquele jovenzinho que segurava a Basílica de São Pedro no sonho de Inocêncio III; por ser o fundador de uma ordem que deu um Santo Antônio de Pádua, um São Boaventura, um Santo Antônio de Sant’Ana Galvão e tantos outros santos a Igreja; por ser um fiel seguidor de Cristo.


Que justiça seja feita a este nobre santo. Aposto que se ele estivesse vivo aqui na Terra negaria veementemente que deu mais valor à ecologia que a vida humana. Com certeza São Francisco diria que esse inflamado discurso ecológico é mais uma arma do Demônio para desviar almas de Deus.

João Carlos Resende

domingo, 2 de outubro de 2011

Um ex-ouvinte de rock

Nesses últimos dias vivemos no Brasil a efervescência do festival Rock in Rio, toda a mídia fala do mesmo e todos
tem uma opinião a respeito. Venho aqui compartilhar algumas palavras, palavras de um ex-ouvinte de rock , e como percebi que este estilo de música deixava minha alma perturbada.
Eu ouvi rock por 10 anos na minha vida, 5 deles foram num período que eu estava a afastado da Igreja, só ia por ir e sem fazer força alguma para entender a minha fé. As coisas começaram a mudar quando aconteceu um fato na minha vida que Deus se serviu para me "acordar" e perceber que uma vida onde Deus não está em primeiro lugar não vale a pena, a partir disso tive que mudar todos os meus conceitos e objetivos na vida.
Na época eu ouvia 4 grandes bandas, Guns N' Roses, Iron Maiden, Metallica e Dream Theater e também músicas esporádicas de outras bandas medianas. Mas depois que vivi esse primeiro momento de conversão percebi que a mensagem que as bandas passavam era incompatíveis com a minha fé e eu já tinha a noção clara que a fé católica deveria moldar a minha vida.
Por exemplo, 40% das músicas dos Guns N' Roses falam de drogas, outras 40% de prostitutas e 9% falam de drogas e prostitutas na mesma música. O Iron Maiden tem em seu maior hit a canção "The Number of the Beast" (O Número da Besta), e outras como "The Fallen Angel" (O Anjo Caído), Children of The Dammed (Filho do Amaldiçoado), além de várias canções que fazem sátiras com a fé.
Não dava mais pra conciliar esses dois mundos, com o meu avanço fui conhecendo ainda mais o canto gregoriano e a música clássica e percebia como ouvir esses estilos me deixava em paz, tranqüilo, menos ansioso e nervoso na hora de tomar decisões importantes e conseqüentemente tomando decisões mais acertadas.
Ao contrário, percebia que ouvir rock me deixava inquieto, com uma sensação de perturbação, perdi a graça em ouvir as bandas medianas mas continuava ainda ouvindo Metallica e Dream Theater pois suas letras eram bem mais inteligentes, mas lá no fundo minha alma dizia que havia algo de errado, isso me causava um efeito dopante parecido aos das drogas, me sentia bem quando ouvia mas depois me vinha uma sensação de vazio muito grande.
Aí a Misericórdia Divina me salvou mais uma vez através das mãos do Pe. Paulo Ricardo, numa palestra dele eu entendi o porquê desse estilo de música me deixar inquieto, consegui teorizar o que eu sentia na prática. Na palestra ele explicava que o ser humano é composto de 3 faculdades, a concupiscível, a irascível e a intelectiva.
Ele explicava que a capacidade irascível é responsável pela força de vontade e percebi - como qualquer pessoa que ouve rock percebe - que a audição desse ritmo dá essa sensação de força de vontade e atitude, é a mesma sensação que a bebida causa a alguns. Daí "caiu a ficha", o rock mexe com a nossa faculdade irascível, percebi que isso tudo me deixava inquieto por que mexia com a faculdade que causa a ira, a raiva, servia de motor para que se houvesse situações onde a agressividade ficasse saliente eu não conseguisse me controlar do jeito que deveria.
Por isso também entendi que ouvir canto gregoriano mexia diretamente com a minha faculdade intelectiva, isso me deixava em paz, pois nós somos ordenados para que a faculdade intelectiva controle as outras faculdades, se as outras faculdades inferiores controlarem as superiores todas nossas ações e decisões são tomadas baseadas em paixões desordenadas e não com nossa capacidade racional, que é o que nos separa dos animais.
Refletindo vi que tinha chegado ao ponto que não dava mais, como dizia Platão: "verdade conhecida, verdade obedecida", não dava mais pra mentir pra mim mesmo que isso não me fazia mau e ia em caminho contrário a minha fé, não dava mais pra andar com um pé em cada mundo e pior, sabendo que um pé andava por um mundo escorregadio e inseguro.
Não é fácil largar algo que você teve como certo durante muito tempo, o orgulho ferido que há em nós nos dá uma sensação de que fomos derrotados e ficamos pedindo pra voltar atrás. Não é fácil, mais que esforço próprio precisamos recorrer a Misericórdia Divina, isso tudo é uma penitência diária, é deixar um prazer por um bem maior, ou melhor, pelo Bem Maior.
‎"A música é a expressão da harmonia universal e celeste, que serve para moldar a alma humana!" (Santo Tomás de Aquino)
Alguns adendos:
Na palestra "Música e liturgia" o Pe. Paulo Ricardo diz que o rock é um ritmo revolucionário em sua essência pois ele faz uma inversão na lógica musical colocando o ritmo sobre a melodia e harmonia enquanto que a alma humana é ordenada a entender o ritmo sob os outros dois, isso é um dos motivos que faz o rock causar inquietação na alma.
O demônio é astuto e usa muito o rock pras suas artimanhas, eu nunca ouvi Ozzy Osbourne mais sei que ele tem uma música chamada "Mr. Crowley" onde ele fala do satanista Alistey Crowley, na música o autor fala mau dele, diz que ele é um "mágico" farsante e mentiroso, mas... aí está a artimanha maligna, imagina quantos jovens tiveram curiosidade de conhecer os livros de Alistey Crowley por que o seu ídolo Ozzy Osbourne fez uma música dedicada a ele, quantos foram pegos nessa rede.
Uma coisa até engraçada que está acontecendo, antes, quem não ouvia rock me olhava com aquele olhar “ih, ele é doido”, agora os que ouvem me olham tipo “ih, ele virou puritano”.
Mais uma palestra do Pe. Paulo que fez reforçar minha decisão, foi a palestra "Consagra-te à Virgem Maria – parte 2” onde ele ensinava como nos consagrarmos totalmente a Nossa Senhora, que nós devemos nos perguntar, por exemplo: “Minha casa não é mais minha, ela é de Nossa Senhora, como Nossa Senhora gostaria que fosse minha casa?” “Minhas roupas não são mais minhas, como Nossa Senhora gostaria das minhas roupas”? Então eu pergunto, minhas músicas não são mais minhas, são de Nossa Senhora, será que Nossa Senhora está gostando do que estou ouvindo?
“...eu vos consagro nesta noite (dia): os meus olhos, os meus OUVIDOS, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser.”
Tiago Martins da Silva
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