domingo, 2 de outubro de 2011

Um ex-ouvinte de rock

Nesses últimos dias vivemos no Brasil a efervescência do festival Rock in Rio, toda a mídia fala do mesmo e todos
tem uma opinião a respeito. Venho aqui compartilhar algumas palavras, palavras de um ex-ouvinte de rock , e como percebi que este estilo de música deixava minha alma perturbada.
Eu ouvi rock por 10 anos na minha vida, 5 deles foram num período que eu estava a afastado da Igreja, só ia por ir e sem fazer força alguma para entender a minha fé. As coisas começaram a mudar quando aconteceu um fato na minha vida que Deus se serviu para me "acordar" e perceber que uma vida onde Deus não está em primeiro lugar não vale a pena, a partir disso tive que mudar todos os meus conceitos e objetivos na vida.
Na época eu ouvia 4 grandes bandas, Guns N' Roses, Iron Maiden, Metallica e Dream Theater e também músicas esporádicas de outras bandas medianas. Mas depois que vivi esse primeiro momento de conversão percebi que a mensagem que as bandas passavam era incompatíveis com a minha fé e eu já tinha a noção clara que a fé católica deveria moldar a minha vida.
Por exemplo, 40% das músicas dos Guns N' Roses falam de drogas, outras 40% de prostitutas e 9% falam de drogas e prostitutas na mesma música. O Iron Maiden tem em seu maior hit a canção "The Number of the Beast" (O Número da Besta), e outras como "The Fallen Angel" (O Anjo Caído), Children of The Dammed (Filho do Amaldiçoado), além de várias canções que fazem sátiras com a fé.
Não dava mais pra conciliar esses dois mundos, com o meu avanço fui conhecendo ainda mais o canto gregoriano e a música clássica e percebia como ouvir esses estilos me deixava em paz, tranqüilo, menos ansioso e nervoso na hora de tomar decisões importantes e conseqüentemente tomando decisões mais acertadas.
Ao contrário, percebia que ouvir rock me deixava inquieto, com uma sensação de perturbação, perdi a graça em ouvir as bandas medianas mas continuava ainda ouvindo Metallica e Dream Theater pois suas letras eram bem mais inteligentes, mas lá no fundo minha alma dizia que havia algo de errado, isso me causava um efeito dopante parecido aos das drogas, me sentia bem quando ouvia mas depois me vinha uma sensação de vazio muito grande.
Aí a Misericórdia Divina me salvou mais uma vez através das mãos do Pe. Paulo Ricardo, numa palestra dele eu entendi o porquê desse estilo de música me deixar inquieto, consegui teorizar o que eu sentia na prática. Na palestra ele explicava que o ser humano é composto de 3 faculdades, a concupiscível, a irascível e a intelectiva.
Ele explicava que a capacidade irascível é responsável pela força de vontade e percebi - como qualquer pessoa que ouve rock percebe - que a audição desse ritmo dá essa sensação de força de vontade e atitude, é a mesma sensação que a bebida causa a alguns. Daí "caiu a ficha", o rock mexe com a nossa faculdade irascível, percebi que isso tudo me deixava inquieto por que mexia com a faculdade que causa a ira, a raiva, servia de motor para que se houvesse situações onde a agressividade ficasse saliente eu não conseguisse me controlar do jeito que deveria.
Por isso também entendi que ouvir canto gregoriano mexia diretamente com a minha faculdade intelectiva, isso me deixava em paz, pois nós somos ordenados para que a faculdade intelectiva controle as outras faculdades, se as outras faculdades inferiores controlarem as superiores todas nossas ações e decisões são tomadas baseadas em paixões desordenadas e não com nossa capacidade racional, que é o que nos separa dos animais.
Refletindo vi que tinha chegado ao ponto que não dava mais, como dizia Platão: "verdade conhecida, verdade obedecida", não dava mais pra mentir pra mim mesmo que isso não me fazia mau e ia em caminho contrário a minha fé, não dava mais pra andar com um pé em cada mundo e pior, sabendo que um pé andava por um mundo escorregadio e inseguro.
Não é fácil largar algo que você teve como certo durante muito tempo, o orgulho ferido que há em nós nos dá uma sensação de que fomos derrotados e ficamos pedindo pra voltar atrás. Não é fácil, mais que esforço próprio precisamos recorrer a Misericórdia Divina, isso tudo é uma penitência diária, é deixar um prazer por um bem maior, ou melhor, pelo Bem Maior.
‎"A música é a expressão da harmonia universal e celeste, que serve para moldar a alma humana!" (Santo Tomás de Aquino)
Alguns adendos:
Na palestra "Música e liturgia" o Pe. Paulo Ricardo diz que o rock é um ritmo revolucionário em sua essência pois ele faz uma inversão na lógica musical colocando o ritmo sobre a melodia e harmonia enquanto que a alma humana é ordenada a entender o ritmo sob os outros dois, isso é um dos motivos que faz o rock causar inquietação na alma.
O demônio é astuto e usa muito o rock pras suas artimanhas, eu nunca ouvi Ozzy Osbourne mais sei que ele tem uma música chamada "Mr. Crowley" onde ele fala do satanista Alistey Crowley, na música o autor fala mau dele, diz que ele é um "mágico" farsante e mentiroso, mas... aí está a artimanha maligna, imagina quantos jovens tiveram curiosidade de conhecer os livros de Alistey Crowley por que o seu ídolo Ozzy Osbourne fez uma música dedicada a ele, quantos foram pegos nessa rede.
Uma coisa até engraçada que está acontecendo, antes, quem não ouvia rock me olhava com aquele olhar “ih, ele é doido”, agora os que ouvem me olham tipo “ih, ele virou puritano”.
Mais uma palestra do Pe. Paulo que fez reforçar minha decisão, foi a palestra "Consagra-te à Virgem Maria – parte 2” onde ele ensinava como nos consagrarmos totalmente a Nossa Senhora, que nós devemos nos perguntar, por exemplo: “Minha casa não é mais minha, ela é de Nossa Senhora, como Nossa Senhora gostaria que fosse minha casa?” “Minhas roupas não são mais minhas, como Nossa Senhora gostaria das minhas roupas”? Então eu pergunto, minhas músicas não são mais minhas, são de Nossa Senhora, será que Nossa Senhora está gostando do que estou ouvindo?
“...eu vos consagro nesta noite (dia): os meus olhos, os meus OUVIDOS, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser.”
Tiago Martins da Silva

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