domingo, 20 de novembro de 2011

Olhos vivos, alma viva

"Meu filho, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á contigo também o meu; meu íntimo se alegrará quando teus lábios falarem o que é reto. Teu coração não inveje os pecadores, mas persevera no temor do Senhor o dia inteiro." Provérbios 24, 15-17
O Padre Paulo Ricardo de Azevedo dizia que a fronteira da Igreja passa dentro de nosso coração, que dentro de nós há um homem novo e santo e o homem velho e pecador, cabe a nós - com nossas atitudes - escolhermos em que lado queremos estar, dentro ou fora da Igreja, ser santo ou pecador.
Bem lá no fundo nós sabemos o que fazer, que devemos nos converter todos os dias, e o dia inteiro, como diz a passagem acima, mas também sabemos que a luta não é fácil, a batalha é as vezes terrível, tentações e dúvidas nos vem de todos os lados. Uma delas, e creio que todos já passaram por essa situação, é a de ter inveja daqueles que levam uma vida fácil, é aquela situação em que nos vemos batalhando e batalhando todos os dias, nos esforçando ao máximo para obedecer e viver os mandamentos de Deus mas a única coisa que ganhamos são mais dificuldades enquanto outros que nada fazem pelo Reino de Deus tem uma vida aparentemente mais feliz, uma vida fácil e próspera materialmente e nos vem a sensação de que nosso trabalho é em vão e a tentação de deixar tudo pro lado e viver como os ímpios.
Esse é um dos pecados contra o Espírito Santo enumerados por Santo Tomás de Aquino como sendo "pecados filhos da preguiça", é o pecado do desespero, não ter esperança que Deus possa mudar a situação, ver os ímpios vencerem e literalmente se entregar a situação, não mais lutar por pensar que nada pode ser feito. Daí vemos uma coisa, que precisamos dar uma parada brusca na nossa vida e reparar nos detalhes, pois Deus é simples, somos nós que complicamos as coisas, devemos ver que a verdade está - como se diz - debaixo do nosso nariz, somos nós com nossos olhos sujos que não a enxergamos.
Paremos um minuto e olhemos para os olhos dessas pessoas ímpias que aparentemente são felizes, como se diz "os olhos são as janelas da alma", essas pessoas tem olhos mortos, olhos fundos e vazios, um olhar sem esperança, aquele sorriso "amarelo" que logo percebemos que é um sorriso falso, que aquilo não é felicidade, que aquelas gargalhadas são somente formas de "maquiar" um vazio aterrorizante, um vazio de quem vive sem Deus, de quem vive o Inferno já aqui na Terra, de quem vive uma vida cheia de desespero, dúvidas e ódio. É esse tipo de pessoa que nós invejamos? Por isso Deus nos adverte, é uma idiotice do tamanho do universo invejar uma pessoa assim.
Por outro lado, vemos os faróis que Deus nos deixou, os santos, olhemos para os seus olhares, são explosões de vida, santidade, serenidade, força e tantas virtudes, parece que vemos o Céu nos seus sorrisos, olhemos para o rosto do Beato João Paulo ll, Madre Teresa de Calcutá, São Josemaria Escrivá e tantos outros, quando a cruz lhes foi entregue ao invés de reclamarem da vida eles as transformaram em ressurreição, transformaram morte em vida, eles venceram o desespero com a esperança, as dúvidas com a fé e o ódio com o amor.
Eles foram sábios verdadeiros, sábios como Deus quer e não sábios para o mundo, obedeceram aos mandamentos e nunca invejaram a miséria do mundo, mas por caridade a quiseram transformar em vida dando a suas vidas por Deus, por isso puderam ouvir de Deus: "Meu filho, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á contigo também o meu", foram felizes aqui na Terra e são felizes por toda a eternidade.
Os santos tem olhos vivos porque tiveram uma alma viva. Que Nossa Santa Mãe Maria - como diz o título da ladainha - "... causa da nossa alegria" nos desvie de todas as tentações, principalmente de invejarmos o que é mau, que ela nos dê força de perseverarmos no temor do Senhor pois essa é a única forma de sermos felizes.
"A suprema felicidade está na contemplação da verdade". Santo Tomás de Aquino
Tiago Martins da Silva

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Em defesa de São Sérgio e São Baco e seus verdadeiros legados

Recentemente escrevi para este blog fazendo um desabafo particular em defesa de São
Francisco de Assis, o grande frade italiano fundador da Ordem dos Frades Menores, os franciscanos, ordem que tanto bem tem feito a Igreja Católica ao longo dos tempos. Agora quero fazer o mesmo, só que em nome de dois soldados romanos que foram elevados a glória dos altares: Sérgio e Baco. O título desta postagem não é parecido com aquela que se refere a São Francisco por falta de criatividade de minha parte. Quis propositalmente fazê-lo assim, pois é meu desejo defender o nome de alguns santos neste espaço que me é oferecido.
Mas quais são afinal as horríveis balbúrdias que fazem com estes dois santos? Grupos a favor das imoralidades homossexuais mais horrendas afirmam veementemente que estes soldados tiveram uma relação homossexual e que era aceita pela Santa Igreja na época sem causar escândalo nas pessoas. Usam essa desculpa para dizerem que Deus não é contra a união homossexual e que foi o clero da Idade Média que começou a incentivar tal condenação, e que tal condenação é preconceito contra as pessoas que escolheram tomar este rumo em suas vidas.
Caro leitor, imagino que neste momento você esteja completamente assustado, se sentindo injuriado com tão grave ofensa a dignidade destes heróis da fé católica que, por sinal, poucas vezes ouvimos seus nomes, se ouvimos, mesmo relacionados a tal imoralidade. Como dizia um monsenhor que passara por minha cidade, num paroquiato marcado por sua santidade, zelo pastoral e piedade, é necessário amarrar o dedo para que saibamos lidar com o inimigo. Então quem foram Sérgio e Baco realmente?
Muito poucos sabemos sobre suas vidas, e um dos poucos dados que há sobre eles é que eram naturais da Síria. Soldados das Legiões da Fronteira, ocupavam altos cargos no palácio de Maximino Daia († 313). Alguns de seus inimigos invejosos os acusavam de serem cristãos, o que os fez serem levados até o templo do deus Júpiter e obrigados a participarem de cultos a esse ídolo, mas sua fé em Cristo era maior que qualquer medo e eles não aceitaram cumprir tal ato. É justamente aí que aparece a causa de problemas quanto a estes célebres personagens da história da Igreja.
Como punição, foram vestidos com trajes femininos e levados as ruas, expostos a vergonha de serem obrigados a fazer tudo ao contrário do que prega a Santa Doutrina de Jesus. Como se tal ridículo não fosse suficiente, seus inimigos espalharam a partir de então que os dois mantinham um relacionamento homossexual. Após sofrerem tal vexame, o imperador, em vão, tentou fazê-los renunciar a fé cristã. Foram enviados ao prefeito do Eufrates, província da Síria, Antíoco, que os condenou a morte, no ano 297.
Submeteram Baco a uma flagelação violentíssima, que logo tirou sua vida, devido aos mais cruéis golpes que sofria. O ódio de seus inimigos era tamanho que sequer o sepultaram, mas alguns cristãos piedosos o fizeram dentro de uma caverna, com toda a dignidade que merece um glorioso mártir da Igreja.
Sérgio sofreu um pouco mais para receber a coroa da glória celeste. Após encherem as solas de seus calçados com grandes e pontiagudos pregos, o obrigaram a andar 29 km sofrendo terríveis dores físicas e morais, até o local onde seria decapitado e mais tarde enterrado. A Igreja celebra a memória litúrgica destes santos no dia 7 de outubro, mesmo dia de Nossa Senhora do Rosário, mais um motivo providencial que mostra a vida santa que tiveram, pois onde reside Nossa Senhora, lá reside também um santo.
Realmente há poucos santos que gozam de histórias mais esplendorosas que estes dois. O que realmente deixaram como maior exemplo claramente foi a sua total fidelidade e adesão a Pessoa de Cristo. Lembrar de dois mártires que sentiram na alma e no corpo as conseqüências do pecado se referindo a eles como casal homossexual é simplesmente uma calúnia sem tamanha, forjada por pessoas sem argumentos que desde sempre acharam e ainda acham que suas vontades são mais importantes e necessárias ao homem que o projeto de Deus.
Mas destes tristes episódios que assistimos ligando o nome de santos católicos aos mais graves pecados devemos tirar sempre uma lição de que se faz necessário lembrar daquilo que Cristo disse aos apóstolos vencidos pelo desgaste físico momentos antes de sua prisão no Horto das Oliveiras: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (cf. Lc 22, 46). Sim, sempre temos que orar e ficar atentos, pois veja como Satanás é astuto: conseguiu, na cabeça dos homens, converter a glória de dois grandes santos em caso de união homossexual, pois isso é o que o demônio consegue fazer, contar uma mentira tantas vezes que as mentes despreparadas comecem a acreditar que é verdade. Porém a Verdade provém de Deus, pois Deus é a Verdade, e embora pareça que Ele demore a nos ouvir, a Verdade sempre virá à tona, Deus nunca falha!
São Sérgio e São Baco, mártires da Santa Igreja Católica; rogai por nós!
João Carlos Resende

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Santos: Sinais de contradição

Radicais tradicionalistas e modernistas se merecem, uns são revolucionários confessos e os outros revolucionários enrustidos.
Depois de um pequeno "debate" com um pseudo-teólogo simpatizante de um grupo tradicionalista radical a cerca da santidade do Beato João Paulo ll, eu me lembrei de uma palestra do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo, baseado nas explicações dadas por ele dá pra perceber que os radicais tradicionalistas (anti-Concílio Vaticano ll) e os modernistas são farinha do mesmo saco.
A explicação era a seguinte: Existem 3 tipos de pessoas, as normais e 2 tipos de revolucionários, um podemos comparar ao clássico caso do adolescente “rebelde sem causa”, ele não aceita mais a autoridade do pai e se agarra a qualquer coisa que o mundo lhe dá só pra fazer um afronte a autoridade. Na Igreja eles seriam os modernistas, que não obedecem mais ao Magistério e se agarram ao mundo, eles mesmos se auto-intitulam revolucionários e preferem morrer com o mundo a aceitar a verdade, pois isso seria “dar o braço a torcer”.
O outro tipo podemos comparar àquelas crianças pirracentas, elas não querem obedecer à autoridade paterna, mas não tem atitude suficiente pra se lançar no mundo então se agarram ao avô, o avô agora é a autoridade, mas pelo simples fato de ele não ser o pai, pra fazer um afronte a autoridade paterna. Na Igreja eles seriam os simpatizantes de grupos tradicionalistas radicais, que se agarram ao passado para fazer um afronte a autoridade vigente do Magistério, inventam mil desculpas para obedecer ao avô e não o pai, no fundo é tudo orgulho, vontade que a opinião pessoal prevaleça.
É próprio da Revolução ir contra a ordem, no caso da Igreja, a ordem é o Magistério, apesar de parecerem antagônicos os grupos acima são muito parecidos, os dois não obedecem ao Magistério e a autoridade do Papa, se baseiam na hermenêutica da ruptura quanto ao interpretação do Vaticano ll, dizem a amar a Igreja pela frente e dão punhaladas pelas costas.
A diferença é que enquanto os modernistas são revolucionários confessos, são rebeldes sem causa e ainda fazem propaganda disso, os radicais fazem isso veladamente, eles são a criança pirracenta que não obedece mais o pai e se esconde atrás do avô.
Um santo sempre nos serve de farol para mostrar onde está a verdade, e uma forma de provarmos claramente que os dois grupos estão vivendo uma mentira é a opinião deles quanto ao Beato João Paulo ll, os modernistas o chamam de conservador e os radicais o chamam de modernista, já repararam que os dois grupos dizem que ele fez um mau para a Igreja? Eles se merecem.
Só um coração de pedra, cheio de orgulho para não reconhecer a santidade desse homem e o bem que ele fez a Igreja, ele se conformou a Cristo literalmente, é sinal de contradição, causa de elevação para os humildes e queda para os soberbos.
"Faltou-lhes graça? Não, pois a graça não falta a ninguém, faltou-lhes humildade" São Luis M. G. de Montfort
Tiago Martins da Silva
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