sábado, 6 de setembro de 2014

Por que a calça nunca poderá ser considerada uma roupa modesta para as mulheres?


Graças a Deus vemos muitas pessoas descobrindo a beleza dos valores do pudor e da modéstia, valores estes que devem ser refletidos na pessoa como um todo, mas um dos aspectos em que a modéstia e o pudor ficam mais latentes é no modo de se vestir. Consequentemente ao fato desse crescimento no interesse de conhecer mais sobre o assunto surgem vários apostolados que falam a respeito, isto é muito bom, é claro, mas na busca pela verdade e sobre o melhor modo de agir vemos divergências em alguns pontos, e o que sempre causa mais polêmica é sobre  uso de calças pelas mulheres, será que este uso é modesto ou não? Nesta presente postagem tentaremos elencar alguns pontos que o ajudarão a refletir sobre o tema e responder a esta questão perante a sua consciência.

Como foi dito, é um assunto que sempre gera muita polêmica, só pedimos a boa vontade do (a) caro (a) leitor (a) ao analisar os argumentos colocados, a sua reflexão séria sobre cada um deles, muitas vezes está sobre nós o peso de gostos pessoais e aprendizados errôneos, mas sei que o caro leitor – iluminado pela Virgem Santíssima – analisará cada um dos pontos com o seu bom senso.

Usaremos como pontos base de reflexão dois parágrafos [1] do Catecismo da Igreja Católica que falam a respeito do pudor e da modéstia, e também uma aula do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo [2] sobre o tema, no qual ele faz uma explicação aprofundada destes citados parágrafos do Catecismo. E desde já recomendamos muitíssimo que você assista a esta aula para um melhor entendimento desta e de outras questões sobre o pudor e a modéstia, a aula pode ser acessada através deste link: “Pudor e Modéstia” [3]

Então, a primeira questão é a seguinte: Discute-se muito se é ou não pecado que as mulheres usem calças, creio que a questão seja muito mais profunda do que isto, pois acima de tudo está a caridade, e a caridade se exerce no querer dar maior Glória a Deus, agindo de modo que O agrademos e que possamos contribuir na santificação dos outros, agindo assim estaremos nos santificando também.

Quando tendemos, em qualquer situação, a nos questionarmos apenas se é pecado ou não, sem pensar antes na caridade, estaremos nos direcionando ao egoísmo, no fundo estaremos nos perguntando: “será que me condeno ou não com esta atitude?”, estarei pensando antes em mim do que em Deus e no próximo. É óbvio que devemos fugir do que nos condena, mas o princípio da caridade nos impele a antes olhar o que dá maior Glória a Deus, Santo Agostinho disse: “ama e faça o que quiseres”, se amamos a Deus acima de todas as coisas, se agimos com caridade, logo nossas ações serão sempre ordenadas para o bem, sempre buscaremos o que é mais perfeito, e não simplesmente faremos as coisas de forma mediana, com um pensamento do tipo: “já que não é pecado mortal não há problema em fazer isto.”

Comparando isto a modéstia e ao pudor poderemos nos fazer alguns questionamentos que serão guias no modo de nos vestirmos: “Estou agradando a Deus me vestindo assim? "É o modo mais modesto que posso me vestir ou só “está na média?" “O que visto transmite dignidade ou se transforma numa tentação para provocar olhar alheio?”

Desenho original de Maria Bastos de Matos, disponível em http://tirinhasdamaria.wordpress.com/2012/08/08/e-quando-uma-moca-catolica/

Na já citada aula do Pe. Paulo Ricardo ele faz uma brilhante definição de como a mulher deve agir para sempre se vestir com modéstia: “... a mulher não deve achar que a visão sobre si mesma é padrão para o modo de se vestir modestamente, o padrão deve ser que ela analise se a sua vestimenta provoca o olhar masculino, antes de pensar em si mesma ela deve pensar em ser caridosa com o seu próximo".

Analisando bem esta questão da caridade, passamos a mais um ponto: A definição do Catecismo da Igreja Católica sobre pudor e modéstia: O Catecismo diz de forma muito clara: O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união [...] O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir. Mantém o silêncio ou certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã. Torna-se discrição. [4]

Dessa definição entendemos que o pudor e a modéstia servem para preservar aquilo que é muito íntimo e sagrado para nós, e tudo o que nos é íntimo fica em segredo, não fica a vista da curiosidade de qualquer um. Por exemplo, quando temos um grande segredo ele fica guardado conosco ou só revelamos a pessoas de muitíssima confiança.

Dizendo isto em relação a nossos corpos vemos também que  há partes que só devem ser reveladas entre pessoas que podem partilhar a máxima intimidade, que são os esposos, fora disso seria uma exposição à curiosidade malsã, a curiosidade maldosa, como cita o Catecismo.  Devemos sempre lembrar – e como é muito bem explicado também na aula do Pe. Paulo Ricardo – que por causa do pecado original perdemos a capacidade de olhar para um corpo e vermos somente a beleza da criação, por nossa má inclinação sempre teremos a tendência a ter um olhar sobre o corpo do outro como um objeto de prazer, e este é mais um dos motivos pelos quais certas partes devem sempre ficar escondidas. Devemos obviamente lutar - e com auxílio da Graça - contra essas más inclinações, e nisso o pudor é um grande aliado, porque protege a própria pessoa e os outros destes perigos, como se diz no texto introdutório da aula do Pe. Paulo Ricardo: “O pudor recorda que é preciso esconder o corpo para mostrar a alma.”

Mas, que partes são estas que devem ficar escondidas? Um esquema muito fácil de ser entendido está na já citada aula do Pe. Paulo Ricardo, onde ele explica que quanto mais conotação sexual tiver certa parte do corpo menos ela deve ficar exposta. Isto é bastante óbvio, e novamente aconselho muito que o caro leitor assista a esta aula, onde ele fala da questão com mais pormenores, mas poderemos resumir da seguinte maneira: Há partes sem nenhuma conotação sexual, outras que têm uma conotação média, e as que têm conotação sexual explicita.
É muito óbvio que é indecente que partes com conotação sexual média e explícita fiquem a mostra, mas deve-se ficar atento a outra questão também, deixar estas partes a mostra através da insinuação também é imodesto. Para exemplificar, uma mulher pode estar com uma blusa que é toda fechada, mas se esta for transparente ou muito justa não podemos dizer que é uma roupa modesta, sobre isto sei que o caro leitor concorda.

E este problema da insinuação é tanto pior se for com partes de conotação sexual explícita, daí entendemos - e também respondemos a questão feita no título dessa postagem - o motivo pelo qual uma calça nunca poderá ser considerada uma roupa modesta para as mulheres, pois todos os tipos de calças - até as que não são justas - deixam à mostra as formas das partes íntimas femininas através da insinuação. Ao contrário, isso nunca vai acontecer se ela estiver usando saias ou vestidos modestos, estes não deixam a mostra o que deve ficar escondido.


Saiassas


Como disse no início, só peço a benevolência do caro leitor em refletir sobre os argumentos mostrados, repare que nos baseamos em 3 pressupostos muito claros, e que sabemos que o seu bom senso também concorda: a caridade, o pudor e o perigo das insinuações. Onde a caridade busca agradar a Deus acima de tudo e neste caso específico sobre a modéstia deve observar se a roupa não está provocando o olhar alheio, onde se busca o que é mais perfeito, e sabe-se que uma saia ou vestido modestos são mais perfeitos do que qualquer calça, onde o pudor é não deixar a mostra aquilo que é tão íntimo que deve-se manter em segredo, e onde deve-se estar atento aos detalhes, até no caso das insinuações, principalmente das partes com conotação sexual explícita, disso vemos claramente que as calças não podem ser consideradas roupas modestas paras as mulheres, pois o seu uso vai de caminho contrário a estes 3 pressupostos de bom senso. Peço ao leitor a reflexão sincera sobre estes pontos por nós colocados, bem lá no fundo você perceberá que eles fazem muito sentido.

Mais uma questão séria a ser refletida é que o uso de calças pelas mulheres foi e sempre será um símbolo da revolução feminista [5], revolução esta que prometia as mulheres que elas seriam livres do “jugo machista”, mas que na verdade as transformou em escravas de uma ideologia que lhes tira a feminilidade, principalmente porque essa ideologia luta contra o que há de mais belo na mulher, que é o dom da maternidade. Um vestido e/ou uma saia modesta sempre transmitirá uma imagem de feminilidade, enquanto as calças sempre transmitem a imagem de sensualidade ou masculinidade, caracteres que são contrários a beleza da feminilidade. Aconselho a leitura do artigo “A mulher e as calças nos anos 40” [6], você poderá saber mais sobre como foram as estratégias feministas para a introdução do uso das calças no vestuário feminino.

E só para lembrar, não é o simples trocar calças por vestidos e saias que torna a vestimenta modesta, os mesmos devem passar pelo mesmo caminho da caridade e do pudor demonstrados acima, por exemplo, trocar uma calça por uma saia curta e/ou muito justa, ou usar saias modestas com blusas decotadas [7] não adiantam muito. E também, saber que pudor e a modéstia são virtudes que abarcam a pessoa por completa, a vestimenta é um dos reflexos destas virtudes, é preciso uma conversão interior, se não o que ocorrerá nessa mudança é que a pessoa apenas criará um personagem, e quando vier as dificuldades ela abandonará muito facilmente os hábitos de se vestir com modéstia. Quando há a conversão o hábito de se vestir com modéstia se torna natural, e é este objetivo. Sobre este assunto específico convido a leitura destes 3 artigos que constam nestes links aqui aqui e aqui. [8]

Então, antes de terminar o artigo, como há algumas objeções quando se diz que o correto é que as mulheres devem usar sempre saias ou vestidos modestos ao invés de calças, gostaria de responder a algumas dessas objeções que são bastante comuns, mas para não alongar demais este artigo colocamos essas considerações em outra postagem, você pode acessá-la por este link: Porque a calça nunca poderá ser considerada uma roupa modesta para as mulheres? - 2ª Parte”

Mas desde já deixamos aqui a lista de qual serão estas objeções, peço ao caro leitor que ao terminar este artigo também possa acessar o próximo, para um melhor entendimento sobre o assunto. Então, as tais objeções em que colocaremos a contra-argumentação são as seguintes:
1ª) Todos aqueles que apoiam a ideia de que as mulheres usem exclusivamente saias e vestidos tem uma mentalidade rad-trad  [9]
2ª) Há uma placa no Vaticano indicando que as mulheres só devem entrar na Basílica de São Pedro usando vestidos, saias ou calças, logo, a Igreja permite o uso de calças.
3ª) A condenação do uso de calças pelas mulheres feita pelo Cardeal Siri e por São Pe. Pio de Pietrelcina só eram validas para a época deles.
4ª) O Papa São Nicolau I (810-858) aprovou o uso de calças pelas mulheres.
5ª) Santa Gianna Molla usou calças, logo, é modesto que se use também.


E para terminar, um argumento simples, mas que tem um peso maior do que qualquer outro que poderíamos colocar: Invoquemos a Rainha do Céu e da Terra, Nossa Mãe Santíssima, a personificação do pudor e da modéstia. Imaginemos que Nossa Senhora vivesse em nossos dias, sabendo de sua augusta caridade, de seu pudor imaculado e de sua santa discrição, e que Ela é a criatura que sempre mais buscou e viveu o que é mais perfeito, se Ela tivesse que escolher entre um belo vestido modesto e uma calça, o que Ela vestiria? Sei que durante esta leitura você veio refletindo seriamente sobre todos os argumentos colocados, então, agora peço que vá bem ao interior de sua consciência e reflita sobre esta pergunta: “... o que Ela vestiria?” E agora, Nossa Senhora não estaria lhe pedindo algo a mais? Sei que neste momento sua consciência já tem uma resposta... É hora de mudar, é hora de imitar a Rainha da Modéstia.


Santa Maria, Mãe Puríssima, rogai por nós!

Tiago Martins

Grifos nossos

Referências:
[1] Catecismo da Igreja Católica – § 2521 e 2522

[2] Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior – Saiba mais sobre sua biografia e apostolado acessando este link

[3] “Pudor e Modéstia – de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo.

[4] Catecismo da Igreja Católica – § 2521 e 2522

[5] Saiba mais sobre o assunto acessando: “Feminismo, o maior inimigo das mulheres – de Pe. Paulo Ricardo de Azevedo

[6] “A mulher e as calças nos anos 40”de Luciana Lachance, disponível emTeus Vestidos

[7] Saiba mais sobre o assunto acessando: “Modéstia, pudor e lógica: Sobre o uso de blusas com decote”. Disponível em Mater Dei.

[8] Artigos “Como estou me vestindo?” e “Por que usar saia abaixo dos joelhos? - ambos de Maria Bastos de Matos, disponíveis em “Tirinhas da Maria” e "Porque amamos uma saia modesta", de Luciana Lachance, disponível em "Teus Vestidos"

[9] Rad-Trad: Abreviação de radical tradicionalista, entende-se por aquela pessoa que diz buscar o resgate de valores tradicionais no campo da moral e da liturgia, mas que infelizmente não atua com equilíbrio, suas ações chegam a extremos e para justificar opiniões pessoais se tornam desobedientes a Igreja. Na segunda parte da postagem mostraremos mais detalhadamente algumas características e erros da ideologia rad-trad.

Indicamos ao caro leitor estes blogs e sites:  Tirinhas da MariaA Formação da Moça CatólicaTeus VestidosModa e ModéstiaComunidade Mariana na ModéstiaTradição e Modéstia nos passos de Maria.


Um comentário:

  1. Ótimo trabalho, parabéns!

    Gostaria de indicar-lhe, um pequeno Ensaio intitulado "Reminiscência Sobre a Modéstia no Vestir 2", que talvez possa servi-lhe de alguma utilidade no seu frutuoso apostolado. Acesse aqui: https://onedrive.live.com/?id=8278C2ED5B87800A!206&cid=8278C2ED5B87800A

    Salve Maria!

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