terça-feira, 12 de julho de 2011
O martírio dos nossos tempos
Quando Pedro, Paulo, João, Tiago e os outros apóstolos começaram a pregar o Evangelho do Senhor em regiões distantes de Israel, certamente não achavam que sua missão seria tão difícil. Fome, frio, abismos, discussões e cansaço não faltavam. Tudo era muito difícil, e tão difícil que Marcos até chegou a desistir de sua missão certa vez (cf. At 13, 13), mas depois voltou atrás e se tornou um dos evangelistas. Enfim, dificuldades não faltavam a eles.
Mas assim como não faltavam dificuldades aos discípulos de Cristo, em seu peito também não faltava um sentimento fortíssimo pelo Mestre; um amor que inflamava em seus corações inexplicavelmente.
O próprio Paulo, que nem conhecera Jesus antes de sua morte, escreveu uma das declarações de amor mais lindas da história da humanidade (Rm 8, 31-39).
Nesta declaração, Paulo afirma que nem a morte apagaria o amor que ele e seus companheiros sentiam por Deus. E Paulo falava a mais pura verdade; basta olhar a quantidade de cristãos que foram perseguidos, torturados e assassinados por professarem sua fé em uma sociedade infectada por um paganismo descomunal. Alguns foram queimados vivos, outros foram jogados as feras, outros decapitados, outros lançados ao mar. Houve assassinato de toda maneira; desde que seu sangue escorresse qualquer morte valeria a pena para aqueles pagãos.
Mas os tempos passaram: o Império Romano caiu, o paganismo quase que acabou e houve uma considerável redução no número de martírios. Uma sociedade construída sobre os valores cristãos se ergueu no Ocidente impulsionado pelos trabalhos dos monges, e o homem aprendeu que Deus deveria ser o centro das coisas. Mas esses tempos também passaram: veio a Revolução Francesa, que dissipou ódio ao clero, ao sagrado e a verdade. O relativismo e o secularismo crescem, nada mais é sagrado, e a verdade não mais existe, pelo menos não aquela que dói. O paganismo volta à cena, e com ele o martírio.
Mas hoje não vivemos apenas aquele martírio que expulsava a alma do corpo da pessoa. Hoje o martírio mais comum é aquele que faz a pessoa morrer por dentro, que devasta o coração daqueles que amam o sagrado e a verdade, um martírio que tenta esconder as feras e as espadas. Tomara que tenhamos a força dos mártires dos primeiros séculos para enfrentar esse mal. Não é fácil, mas quem tem em mente que Cristo é por nós, vencerá.
João Carlos Resende
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