Mais uma vez chegou uma das datas mais especiais da Santa Igreja: o Natal do Senhor
Jesus. E mais uma vez o Papai Noel parece ser mais lembrado que o verdadeiro dono da festa. As pessoas acorrem todas às lojas com sorrisos de imensa satisfação para adquirirem dotes para seus amigos e parentes. Seus olhos brilham em frente a manequins e vitrines. E enquanto o “bom velhinho” (que de bom não parece ter nada, pois apenas incentiva um consumo desregrado, que levam muitos a entrarem em dívidas grandiosas) se sustenta como um astro na mídia, o pobre Menino Jesus está lá em sua humilde manjedoura, – que não sua é, na verdade – aquecido pelo calor dos animais que lhe rendem a homenagem que seu povo esqueceu de lhe prestar.
Oh irmãos, enquanto nos aquecemos nesta noite com as mais sofisticadas roupas e as mais caras bebidas, nosso Deus recém-nascido está envolto por um pobre pano, deitado em palhas que serviriam de alimento para muitos animais. Nossas casas estão todas ornadas com os mais belos enfeites natalinos, mas a “maternidade” que recebeu o maior presente de Deus para os homens é um estábulo, ou um curral como diriam os humildes camponeses, enquanto nos fartamos com deliciosas carnes e iguarias, José e Maria passam fome e frio em uma terra distante de Nazaré, onde moravam.
A TV nos presenteia neste dia com shows dos mais famosos artistas, com as mais caras produções do cinema e com a melhor programação do ano. Felizes foram aqueles pastores que foram presenteados com o canto dos Anjos nas alturas e contemplaram a face de Deus, tão humilde quanto eles. Pastores estes que presentearam Cristo primeiro, que é bom lembrarmos que eram tidos como delinqüentes pelo povo em sua época. E nós hoje nós vemos pobres mau vestidos nas ruas e avenidas e já julgamos estes infelizes (no bom sentido da palavra, se é que há bom sentido para definir uma palavra que se refere àqueles que não têm nem o que comer muitas vezes) como sendo ladrões, salteadores e batedores. Mas nos esquecemos que talvez estes sejam os pastores de nossos tempos que realmente receberam Jesus no Natal. Não quero ser socialista, mas esta é a verdade...
À meia-noite, no meio de nossa comilança, desejamos um Feliz Natal a todos, mas esquecemos de dar os parabéns ao aniversariante. Enquanto nos fartamos a Missa do Galo está lá vazia. Isso sem contar que em muitos lugares esta já nem acontece mais à meia-noite, e sim às vinte horas, pois o risco da Igreja ficar vazia é enorme se esta for celebrada em seu horário tradicional.
Ah Belém, você é tão pequenina, mas é tão grande! Vejam só; o Redentor escolheu nascer numa vilazinha insignificante e morrer na metrópole de seu tempo, talvez para nos mostrar como é belo a humildade e como é desprezível a prepotência e a arrogância.
Aquela estrela de Belém, tão bela, tão formosa, tão luminosa, que conduziu os Magos até Jesus parece que já não faz sentido para os homens hoje. Infelizmente a estrela que tem guiado a humanidade leva à ganância, ao ódio, ao desprezo, ao desamor; leva ao Inferno.
Pensando bem, analisando a situação, será que os “sacoleiros” de fim de ano são realmente felizes? Será que sua alegria é sincera? Creio que não. Regozijariam muito, mas se soubessem qual é o verdadeiro sentido do Natal. O brilho de seus olhos seria muito mais intenso contemplando um presépio que admirando manequins. No princípio Jesus foi recebido por tão poucas pessoas e agora já não é mais diferente. Infelizmente o Natal virou uma festa do comércio, para o mundo, é claro, pois para os cristãos esta ainda é a festa que celebra o Sol de justiça que nasce para a Terra.
Oh Menino Jesus, como queria eu poder te envolver nos meus braços, contaminados pelos mais horríveis pecados. Gostaria tanto de transformar meu coração em um estábulo cercado e ornado de humildade para Vos receber. Desejo tanto que meu amor seja as palhas que lhe deram “conforto” naquela noite linda. Como ficaria agradecido se aceitasse as pulsações de meu coração como se fossem o cantar do coro dos Anjos! Que o sopro de minhas narinas seja qual sopro daqueles animaizinhos que Vos aqueceu em meio ao frio da madrugada.
Senhor, perdoe a limitação de minhas palavras; sou tão ingênuo! Como gostaria de poder Te louvar ainda mais com as mais belas considerações e os mais belos elogios. Mas como não sou capaz, entenda minha fraqueza e ouça meu único pedido neste dia: Oh Jesus, que o 25 de dezembro se repita todos os dias no meu coração.
“Quando dizemos, na celebração litúrgica, «hoje nasceu o nosso Salvador», este termo «hoje» não é uma palavra vazia, mas significa que Deus nos dá a possibilidade de O reconhecer e acolher agora – como fizeram outrora os pastores em Belém –, para que nasça também na nossa vida e a renove, ilumine e transforme com a graça da sua presença.” Papa Bento XVI
João Carlos Resende
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