sexta-feira, 17 de maio de 2013

Conselhos sobre humildade



l Quando ouvires os aplausos do triunfo, que ressoem também aos teus ouvidos os risos que provocaste com teus fracassos.

l Não queiras ser como aquele cata-vento dourado do grande edifício; por muito que brilhe e por mais alto que esteja, não conta para a solidez da obra.
            -- Oxalá sejas como um velho silhar, oculto nos alicerces, debaixo da terra, onde ninguém te veja; por ti não desabará a casa.

l Quanto mais me exaltarem, meu Jesus, humilha-me mais em meu coração, fazendo-me saber o que tenho sido e o que serei, se Tu me abandonares.

l Não esqueças que és... a lata do lixo. – Por isso, se porventura o Jardineiro Divino lança mão de ti, e te esfrega e te limpa... e te enche de magníficas flores..., nem o aroma nem a cor que embelezam a tua fealdade devem envaidecer-te.
-- Humilha-te; não sabes que és o caixote de lixo?

l Quando te vires como és, há de parecer-te natural que te desprezem.

l Não és humilde quando te humilhas, mas quando te humilhem e o aceitas por Cristo.

l Se te conhecesses, alegrar-te-ias com o desprezo, e choraria teu coração ante a exaltação e o louvor.

l Não te aflijas por verem tuas faltas. A ofensa a Deus e a desedificação que podes ocasionar, isso é o que te deve afligir.
            -- De resto, que saibam como és e te desprezem. – Não tenhas pena de ser nada, por que assim Jesus tem que pôr tudo em ti.

l Se agisses de acordo com os impulsos que sentes em teu coração e os que a razão te dita, estarias continuamente com a boca por terra, em prostração, como um verme sujo, feio e desprezível... diante desse Deus! Que tanto vai te suportando.

l Como é grande o valor da humildade – “Quia respexit humilitatem...” Acima da fé, da caridade, da pureza imaculada, reza o hino jubiloso de nossa Mãe em casa de Zacarias:
            “Porque Ele olhou a humildade da sua serva, eis que desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações...”

lÉs pó sujo e caído. – Ainda que o sopro do Espírito Santo te levante sobre todas as coisas da terra e te faça brilhar como ouro, ao refletires nas alturas, como a tua miséria, os raios soberanos do Sol da Justiça, não esqueças a pobreza da tua condição.
            Um instante de soberba te faria voltar ao chão, e deixarias de ser luz para ser lodo.

l Tu?... Soberba? – De quê?

l Soberba? – Por quê? ... Dentro de pouco tempo – anos, dias -, serás um monte de podridão hedionda: vermes, humores fétidos, trapos sujos da montanha..., e ninguém na terra se lembrará de ti.

l Tu, sábio, afamado, eloqüente, poderoso: se não fores humilde, nada vales.
            -- Corta, arranca esse “eu” que tens em grau superlativo – Deus te ajudará -, e então poderás começar a trabalhar por Cristo, no último lugar do seu exército dos apóstolos.

l Essa falsa humildade é comodismo; assim, tão “humildezinho”, vai abrindo mão de direitos... que são deveres.

l Reconhece humildemente a tua fraqueza, para poderes dizer com o Apóstolo: “Cum enim infirmor, tunc potens sum” – porque, quando sou fraco, então sou forte.

l Padre: como pode suportar todo este lixo?, disseste-me, depois de uma confissão contrita.
-- Calei-me, pensando que, se a tua humildade te leva a sentir-se assim – como lixo, montão de lixo! -, ainda podermos fazer algo de grande de toda a tua miséria.

l Olha como é humilde o nosso Jesus: um burrico foi o seu trono em Jerusalém!...

l A humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. – Foi “Ele” que disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração..., e encontrareis paz para as vossas almas.”

l Não é falta de humildade reconheceres o progresso da tua alma. – Assim podes agradecê-lo a Deus.
            -- Mas não te esqueças de que és um pobrezinho, que veste um bom terno... emprestado.

l O conhecimento próprio leva-nos como pela mão à humildade.

l A tua firmeza em defender o espírito e as normas do apostolado em que trabalhas não fraquejar por falsa humildade. – Essa firmeza não é soberba; é a  virtude cardeal da fortaleza.

l Foi por soberba: já te ias julgando capaz de tudo, tu sozinho. – O Senhor te largou por um instante, e caíste de cabeça. – Sê humilde, e o seu apoio extraordinário não te há de faltar.

l Bem podias repelir esses pensamentos de orgulho; afinal, és como o pincel nas mãos do artista. – E nada mais.
            -- Diz-me para que serve um pincel, se não deixa trabalhar o pintor.

l Para que sejas humilde, tu, tão vazio e tão satisfeito de ti mesmo, basta-te considerar aquelas palavras de Isaías: és “gota de água ou de orvalho que cai na terra e mal se deixa ver.”

São Josemaria Escrivá - Caminho, pontos nº 589 a 613, Ed.Quadrante, São Paulo, SP. 

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