quarta-feira, 6 de março de 2013

Como viver um namoro cristão – 2ª Parte


por Pe. Thomas Morrow

Transcrição: Blog Mater Dei

Pôr-se de acordo antes
            No entanto, você não deve pensar somente em si. Num mundo supersexualizado, deve pensar na outra pessoa.
            A primeira coisa é penar como vai compartilhar afeto durante o namoro. Já expusemos uma série de meios, mas a questão é como convencer o outro desde o princípio.
            Vocês devem começar por pôr-se de acordo sobre o que se poderiam chamar de saídas amistosas. Ou seja, só saírem juntos uma vez por semana, mais ou menos durante três meses, sem que haja beijos. (Nota do blog: Sobre o assunto de beijos no namoro veja o que o Pe. Thomas Morrow diz neste mesmo livro clicando neste link → “Sobre os beijos no tempo de namoro). Um abraço limpo, sim, mas sem palavras ternas, nem mão dadas, nem anéis de compromisso. Se a pessoa aceita, será um bom começo. Talvez você não tenha ainda a garantia de que ele ou ela entende essa proposta prudente; ou veja que parece concordar no início, mas, uma vez iniciado o namoro, perde o freio. Por conseguinte, é preciso que você esclareça bem o que pretende.
           
Imaginemos um jovem e uma moça em que esta deseje manter um relacionamento caso no namoro. Se o rapaz se mostra desconcertado, deve expor-lhe amavelmente seu critério: “Só manifestaremos o afeto entre nós mediante abraços. Os beijos, muito ternos, mas só na face. Nada de beijos como nos filmes”.
            Se ele exita, pode sugerir-lhe: “Por que não pensa um pouco? Não há pressa”. Se vê com toda a clareza que o rapaz não está de acordo, pode dizer-lhe educadamente: “Muito bem. Foi bom que tivéssemos esta conversa antes de começarmos. Agradou-me muito sua amizade”. Ela ter-se-á salvado de uma prolongada luta pela sua castidade e talvez de um mau casamento. Se for ele quem faz a proposta de um namoro casto e ela quem reclama uma maior atividade física, quem deve cortar é ele.
            Não é um pouco incômodo propor isto no começo do namoro? Sem dúvida, mas é preferível fazê-lo no princípio e não depois de um incidente infeliz. Eu recomendo encarecidamente que se ponham as coisas claras desde o início. Assim cada qual saberá exatamente a que se ater.

Basta estar de acordo?
            Geralmente, é o homem que se acomoda à ética da mulher, mas nem sempre. Em qualquer caso, não basta estar de acordo. Não é simplesmente por sair com um cristão praticante que se vive em estado de graça. É necessário crer no Evangelho e procurar viver como um seguidor de Cristo. Quem se julga virtuoso só porque definiu um programa de castidade vive num mundo de sonhos. Seguir Cristo significa trazer o Evangelho por dentro, e não apenas estabelecer determinadas restrições externas. Significa que se está diante de um desejo de Cristo e que é por Ele que se quer seguir esse caminho.

É possível mudar?
            A resposta é categoricamente “sim”. O demônio pode fazer-nos pensar. “Depois do que você fez, não poderá viver castamente; não seja hipócrita pretendendo que os outros vivam assim”. Haverá melhor testemunho da tristeza de uma vida viciada em sexo do que o daquele que se libertou dessa escravidão e experimentou a liberdade dos filhos de Deus? A graça faz realmente de nós uma nova criatura em Cristo? (2 Cor 5, 17). Portanto, a resposta a quem quer nos faça essa pergunta é: – “Sim: você pode viver castamente, e também pode chegar a ser santo”.
            Pensemos em Santo Agostinho, que viveu durante quinze anos com a amante antes de pôr fim à “cruel escravidão da luxúria” e encontrar a paz e a felicidade no Senhor Jesus – e também a santidade! Houve outros como Santa Margarida de Cortona, como veremos, e São João de Deus. Alguns dos mais fervorosos defensores da castidade tinham sido no passado seus maiores infratores.

A graça
            Como já vimos, não se pode viver castamente sem a ajuda da graça, de uma graça abundante. É por isso que numerosos jovens católicos solteiros vêm formando grupos com a finalidade de se ajudarem a viver a castidade e de conseguirem uma profunda vida espiritual. Muitos deles rezam diariamente o terço, assistem à Missa mesmo em dias de semana e lêem livros de espiritualidade. Alguns fazem meia hora diária de oração diante do Santíssimo Sacramento. Não só são capazes de viver castamente, como descobriram a maravilha de cultivar uma íntima relação pessoal com Cristo. Aprenderam, como Santo Agostinho, que os “nossos corações estão inquietos enquanto não descansam Nele”.

Sem transigências
            Durante o namoro, é necessário manter o propósito de preservar a fidelidade a Deus. Os grandes naufrágios costumam iniciar-se por descuidos e transigências em pequenas coisas. É necessário perguntar-se sem parar: “Que faria Jesus? E Maria?” Se você tem vida de oração, verá como o aconselham.
            Peça concretamente ao Senhor na sua oração que o ajude a viver uma vida casta. Peça-o depois de receber a Sagrada Comunhão, que é o momento de maior intimidade com o Senhor e o melhor meio de obter sua ajuda. Como dizia Santa Teresa de Jesus, “depois de comungar, cuidemos de não perder tão boa oportunidade de negociar com Deus. A Divina Majestade não está acostumada a pagar mal a hospedagem, se encontra um bom acolhimento”. E como diz o Catecismo, “os noivos são chamados a viver a castidade na continência. Nesse tempo de prova, hão de fazer uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem um ao outro das mãos de Deus...” [1]

Ideias praticas
             Um dos obstáculos que dificultam uma vida casta é o tédio. Eu sempre animo as pessoas que me procuram em busca de direção espiritual a fazer alguma coisa que as distraia todas as semanas. É preciso procurar algum entretenimento: um esporte como tênis, vôlei, o futebol ou o basquete, velejar, jogar cartas, ler um livro apaixonante, ver um bom filme..., qualquer atividade de oxigenar-se. Sentir-se entediado na vida é converter-se no primeiro candidato à tentação e ao pecado.
            Um homem entediado anda à busca de novos estímulos, e é muito provável que os encontre
na armadilha da pornografia ou em outros vícios que conseguirão excitá-lo. O tédio causado por falta de entretenimento pode levar não só a atar-se ao vício do sexo, como também a depressão. E então a pessoa está tão deprimida que lhe falta energia para pensar num passatempo que a distraia. Cai num círculo vicioso. Como combatê-lo? Programando algumas distrações semanais limpas, boas, saudáveis e entretidas. A vida será muito mais equilibrada e não precisará desesperadamente de um estímulo sexual ou de um amor destrutivo!

Em resumo
            O primeiro passo para a castidade é educar o apetite e descobrir a verdade sobre a verdadeira sexualidade e a felicidade que comporta. Isto requer uma completa conversão do coração, e a convicção de que só temos a ganhar com isso, pois as vantagens são evidentes: é viver em estado de graça, sob a razão e não sob os instintos animais; é tratar a namorada como uma pessoa que merece amor; é construir durante o namoro amores de amizade, carinho e ágape, de modo que cheguem a ser hábitos à hora de casar-se. Uma vez que você mesmo esteja convencido, já pode convencer a sua namorada ou ela a você. Propor o programa de “só afeto” e mantê-lo com firmeza é fazer o que é reto e deixar que o mundo se reorganize depois da sua decisão. Não o lamentará.
            Os casais que adotaram essa conduta acharam-na sumamente refrescante e lançaram os alicerces de um casamento saudável.
           
Como diz João Paulo II em Amor e Responsabilidade, “a castidade é um virtude difícil, que demanda tempo para ser adquirida; é preciso aguardar os seus frutos e a alegria de amar que ela deve trazer. Mas é a verdadeira via, a infalível, para essa alegria”.
            Lembre-se: o que procuramos não é a castidade em mesma, mas o Reino. A castidade é muito importante, mas não é o mais importante. O mais importante é cultivar uma vida de oração, uma vida sacramenta, uma relação tão profunda de amor com Deus que nos facilitará viver castamente.

[1] Catecismo da Igreja Católica, n.2350

Pe. Thomas Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante, pg. 77 a 82

Leia a primeira parte deste artigo clicando aqui: Como viver um namoro cristão

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