Extraído do
livro “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado”
Transcrição:
Blog Mater Dei
Pôr-se de
acordo antes
No entanto, você não deve pensar
somente em si. Num mundo supersexualizado, deve pensar na outra pessoa.
A primeira coisa é penar como vai
compartilhar afeto durante o namoro. Já expusemos uma série de meios, mas a
questão é como convencer o outro desde o princípio.
Vocês devem começar por pôr-se de
acordo sobre o que se poderiam chamar de saídas amistosas. Ou seja, só saírem
juntos uma vez por semana, mais ou menos durante três meses, sem que haja
beijos. (Nota do blog: Sobre o assunto
de beijos no namoro veja o que o Pe. Thomas Morrow diz neste mesmo livro
clicando neste link → “Sobre os beijos no tempo de namoro”). Um abraço
limpo, sim, mas sem palavras ternas, nem mão dadas, nem anéis de compromisso.
Se a pessoa aceita, será um bom começo. Talvez você não tenha ainda a garantia
de que ele ou ela entende essa proposta prudente; ou veja que parece concordar
no início, mas, uma vez iniciado o namoro, perde o freio. Por conseguinte, é
preciso que você esclareça bem o que pretende.
Imaginemos um
jovem e uma moça em que esta deseje manter um relacionamento caso no namoro. Se
o rapaz se mostra desconcertado, deve expor-lhe amavelmente seu critério: “Só
manifestaremos o afeto entre nós mediante abraços. Os beijos, muito ternos, mas
só na face. Nada de beijos como nos filmes”.
Se ele exita, pode sugerir-lhe: “Por
que não pensa um pouco? Não há pressa”. Se vê com toda a clareza que o rapaz
não está de acordo, pode dizer-lhe educadamente: “Muito bem. Foi bom que
tivéssemos esta conversa antes de começarmos. Agradou-me muito sua amizade”.
Ela ter-se-á salvado de uma prolongada luta pela sua castidade e talvez de um
mau casamento. Se for ele quem faz a proposta de um namoro casto e ela quem
reclama uma maior atividade física, quem deve cortar é ele.
Não é um pouco incômodo propor isto
no começo do namoro? Sem dúvida, mas é preferível fazê-lo no princípio e não
depois de um incidente infeliz. Eu recomendo encarecidamente que se ponham as
coisas claras desde o início. Assim cada qual saberá exatamente a que se ater.
Basta
estar de acordo?
Geralmente, é o homem que se acomoda
à ética da mulher, mas nem sempre. Em qualquer caso, não basta estar de acordo.
Não é simplesmente por sair com um cristão praticante que se vive em estado de
graça. É necessário crer no Evangelho e procurar viver como um seguidor de
Cristo. Quem se julga virtuoso só porque definiu um programa de castidade vive
num mundo de sonhos. Seguir Cristo significa trazer o Evangelho por dentro, e
não apenas estabelecer determinadas restrições externas. Significa que se está
diante de um desejo de Cristo e que é por Ele que se quer seguir esse caminho.
É possível
mudar?
A resposta é categoricamente “sim”.
O demônio pode fazer-nos pensar. “Depois do que você fez, não poderá viver
castamente; não seja hipócrita pretendendo que os outros vivam assim”. Haverá
melhor testemunho da tristeza de uma vida viciada em sexo do que o daquele que
se libertou dessa escravidão e experimentou a liberdade dos filhos de Deus? A
graça faz realmente de nós uma nova criatura em Cristo? (2 Cor 5, 17).
Portanto, a resposta a quem quer nos faça essa pergunta é: – “Sim: você pode
viver castamente, e também pode chegar a ser santo”.
Pensemos em Santo Agostinho, que
viveu durante quinze anos com a amante antes de pôr fim à “cruel escravidão da
luxúria” e encontrar a paz e a felicidade no Senhor Jesus – e também a
santidade! Houve outros como Santa Margarida de Cortona, como veremos, e São
João de Deus. Alguns dos mais fervorosos defensores da castidade tinham sido no
passado seus maiores infratores.
A graça
Como já vimos, não se pode viver
castamente sem a ajuda da graça, de uma graça abundante. É por isso que
numerosos jovens católicos solteiros vêm formando grupos com a finalidade de se
ajudarem a viver a castidade e de conseguirem uma profunda vida espiritual.
Muitos deles rezam diariamente o terço, assistem à Missa mesmo em dias de
semana e lêem livros de espiritualidade. Alguns fazem meia hora diária de
oração diante do Santíssimo Sacramento. Não só são capazes de viver castamente,
como descobriram a maravilha de cultivar uma íntima relação pessoal com Cristo.
Aprenderam, como Santo Agostinho, que os “nossos
corações estão inquietos enquanto não descansam Nele”.
Sem
transigências
Durante o namoro, é necessário
manter o propósito de preservar a fidelidade a Deus. Os grandes naufrágios
costumam iniciar-se por descuidos e transigências em pequenas coisas. É
necessário perguntar-se sem parar: “Que faria Jesus? E Maria?” Se você tem vida
de oração, verá como o aconselham.
Peça concretamente ao Senhor na sua
oração que o ajude a viver uma vida casta. Peça-o depois de receber a Sagrada
Comunhão, que é o momento de maior intimidade com o Senhor e o melhor meio de
obter sua ajuda. Como dizia Santa Teresa de Jesus, “depois de comungar, cuidemos
de não perder tão boa oportunidade de negociar com Deus. A Divina Majestade não
está acostumada a pagar mal a hospedagem, se encontra um bom acolhimento”. E
como diz o Catecismo, “os noivos são chamados a viver a castidade na
continência. Nesse tempo de prova, hão de fazer uma descoberta do respeito
mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem um ao
outro das mãos de Deus...” [1]
Ideias
praticas
Um dos obstáculos que dificultam uma vida
casta é o tédio. Eu sempre animo as pessoas que me procuram em busca de direção
espiritual a fazer alguma coisa que as distraia todas as semanas. É preciso
procurar algum entretenimento: um esporte como tênis, vôlei, o futebol ou o
basquete, velejar, jogar cartas, ler um livro apaixonante, ver um bom filme...,
qualquer atividade de oxigenar-se. Sentir-se entediado na vida é converter-se
no primeiro candidato à tentação e ao pecado.
Um homem entediado anda à busca de
novos estímulos, e é muito provável que os encontre
na armadilha
da pornografia ou em outros vícios que conseguirão excitá-lo. O tédio causado
por falta de entretenimento pode levar não só a atar-se ao vício do sexo, como
também a depressão. E então a pessoa está tão deprimida que lhe falta energia
para pensar num passatempo que a distraia. Cai num círculo vicioso. Como
combatê-lo? Programando algumas distrações semanais limpas, boas, saudáveis e
entretidas. A vida será muito mais equilibrada e não precisará desesperadamente
de um estímulo sexual ou de um amor destrutivo!
Em resumo
O primeiro passo para a castidade é
educar o apetite e descobrir a verdade sobre a verdadeira sexualidade e a
felicidade que comporta. Isto requer uma completa conversão do coração, e a
convicção de que só temos a ganhar com isso, pois as vantagens são evidentes: é
viver em estado de graça, sob a razão e não sob os instintos animais; é tratar
a namorada como uma pessoa que merece amor; é construir durante o namoro amores
de amizade, carinho e ágape, de modo que cheguem a ser hábitos à hora de
casar-se. Uma vez que você mesmo esteja convencido, já pode convencer a sua
namorada ou ela a você. Propor o programa de “só afeto” e mantê-lo com firmeza
é fazer o que é reto e deixar que o mundo se reorganize depois da sua decisão.
Não o lamentará.
Os casais que adotaram essa conduta
acharam-na sumamente refrescante e lançaram os alicerces de um casamento
saudável.
Como diz João
Paulo II em Amor e Responsabilidade, “a castidade é um virtude difícil,
que demanda tempo para ser adquirida; é preciso aguardar os seus frutos e a
alegria de amar que ela deve trazer. Mas é a verdadeira via, a infalível, para
essa alegria”.
Lembre-se: o que procuramos não é a
castidade em mesma, mas o Reino. A castidade é muito importante, mas não é o
mais importante. O mais importante é cultivar uma vida de oração, uma vida
sacramenta, uma relação tão profunda de amor com Deus que nos facilitará viver
castamente.
[1] Catecismo
da Igreja Católica, n.2350
Pe. Thomas
Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante, pg. 77
a 82
Leia a primeira parte deste artigo clicando aqui: Como viver um namoro cristão
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ajude outros a ver a beleza e os frutos de felicidade que nascem na vida de
quem vive um autêntico namoro cristão
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