por Pe. Thomas Morrow
Extraído do
livro “Namoro
Cristão em um mundo supersexualizado”
Transcrição:
Blog Mater Dei
Eros
O quarto dos quatro amores é o eros
ou paixão. Significa gostar muito, estar contente com alguém ou com alguma coisa.
Às vezes, empregamos a palavra “gostar” para descrever os nossos sentimentos
sobre um computador novo, um carrou um uma casa nova. “Gosto!” Na realidade, o
que significa é que gostamos, mas não o suficiente para exclamar:
“Gostei muitíssimo!” Em inglês, “love” - I love it” - chegou a ser
superlativo de “like” - I like it -.
No namoro, enamorar-se significa
encaprichar-se: é uma atração emocional que parece incontrolável, embora não o
seja. O papa João Paulo II sublinha-o nas suas palestras sobre a Teologia do Corpo: “Segundo Platão, eros representa a força interior que atrai o
homem para todo o bem verdade e beleza...” [1] Assim, no nosso contexto,
significa desejar profundamente o bem, a verdade e a beleza do outro. Este é os
sentimento mais forte de atração, quase uma experiência mística: é estar
“enamorado”.
Ao contrário do que Freud ensinou
erradamente, eros não é um mero desejo sexual, ainda que inclua a
atração sexual. Diz respeito primordial à pessoa. Deseja-se possuir o conjunto
da pessoa, não somente o corpo: neste sentido, é muito mais poderoso que a
atração sexual.
Qual é o propósito deste amor? O
mais provável é que seja como um catalisador do matrimônio, que ajuda os
namorados a vencer as dúvidas que pode suscitar o compromisso de um casamento
para toda a vida.
Com efeito, é provavelmente o
primeiro aliciante para que as pessoas se casem, ainda que, como demonstram uma
e outra vez os apaixonados de Hollywood, não seja o primeiro ingrediente para o
êxito de um casamento. Lembro-me de ter ouvido uma atriz, de uns sessenta anos,
dizer na televisão acerca do seu quarto casamento: – “Este é o meu autêntico
amor. Este casamento durará porque o nosso amor é real”. Poucos anos depois,
também este casamento tinha chegado ao fim...
C.S. Lewis insiste num ponto que
deveríamos ter bem presente: se você faz faz do eros um deus, este se
converterá num demônio e destruí-lo-á. Eros é uma coisa maravilhosa,
admirável, mas é finita; não é Deus. Imita a Deus na medida em que está muito
acima de outros prazeres da terra: parece ser um deus, mas não o é. Só Deus é
infinito, eterno, Eros não.
Se você souber como é finito esse
amor que imita a divindade, e compreender que não é forçoso entregar-se a ele,
evitará muitas desgraças. Mas se entender o seu sentido e o compartilhar com
seu cônjuge, será muito doce.
Em qualquer relação, a paixão
debilita-se invariavelmente, e isso por dois motivos. Primeiro, porque está
chamada a crescer com o mistério, e o mistério desvanece com a habituação.
Segundo, porque, enquanto amor humano, é limitada e tem de ser alimentada e
sustentada pelo amor divino. Se não está
divinizada, morrerá como morre tudo que é meramente humano.
Como se pode mantê-la viva – ainda
que não como no dia do casamento – ao longo da vida conjugal? Em primeiro
lugar, crescendo em graça e sabedoria, quer dizer, preservando certo mistério
na relação. Segundo, pondo em prática o amor divino (ágape). É assim que
a paixão, boa em si mesma, pode manter-se viva e a relação conservar um certo
fascínio.
A paixão pode exprimir-se por meio
de palavras - “Estou apaixonado por você” - ou de atos. Mas que atos? Atos
apaixonados para sentimentos apaixonados? Se aplicarmos este raciocínio a
outros sentimentos, seriam necessários atos coléricos a outros sentimentos
coléricos (por exemplo, atirando contra a parede uma ou das cadeiras, ou
estilhaçando-os os vidros de umas quantas janelas), ou atos de ciúmes para
sentimentos ciumentos (talvez um soco na boca). Naturalmente, os sentimentos
devem ser manifestados, mas de um modo construtivo e sensato.
Os atos apaixonados e a sua
consequência natural – a relação sexual – são algo muito mais profundo que um
sentimento. Simbolizam entrega, exclusividade, uma doação total, um amor tão
rico que deseje dar lugar a uma nova vida com a qual compartilhar o amor.
A manifestação física mais honesta
da paixão é o carinho romântico. O modo de acariciar-se, de abraçar-se, de
beijar-se, exprime uma pura gratidão e um deleite com a felicidade do outro,
que me deu semelhante felicidade. Este é o modo cristão de exprimir o eros,
despojado do egoísmo que mata o amor e divinizado pelo amor divino. E esta
manifestação do eros, por estar divinizada, fará com que perdure.
Na Eucaristia, vemos realizada a
promessa contida no impulso natural da paixão: a de consumir o amado. Ao
recebermos a Eucaristia, consumimos nosso Deus como Ele nos consome mais mais
dentro da sua vida da graça, enquanto sinal de amor consumado que nos espera no
seu Reino. A paixão é, pois, um sinal de fogo irreprimível com todo que todo o
nosso ser arderá ante a mera visão de Deus.
Por certo, a palavra eros não
aparece no Novo Testamento, mas no Cântico do Cânticos, do Antigo Testamento. É
a história do amor apaixonado entre Deus e o seu povo:
“Tu me fazes
delirar, minha irmã, minha esposa, tu me fazes delirar com um só dos teus
olhares, com um só colar do teu pescoço.
Como são deliciosas as tuas carícias, minha irmã, minha esposa!
Mais deliciosos que o vinho são teus amores, e o odor dos teus perfumes excede
o de todos os aromas!
Teus lábios, ó esposa, destilam o mel; há mel e leite sob a tua
língua. O perfume de tuas vestes é como o perfume do Líbano.
És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa, uma nascente
fechada, uma fonte selada.
Teus rebentos são como um bosque de romãs com frutos deliciosos;
com ligústica e nardo.” Cântico dos Cânticos 4,9-13
Como costumava dizer Fulton J.Sheen, “os homens prometem o que só Deus pode dar. E toda mulher promete o que
só Deus pode dar”. Só quando uma pessoa compreende isto poderá fruir do eros
sem converter-se em seu escravos.
E, além disso, todos podemos
conceber no coração um amor apaixonado por Deus aqui na terra. Ainda que seja
uma ideia alheia à maioria dos cristãos, Santo Agostinho exprimia-se assim:
“Tarde te amei, formosura tão antiga e tão nova, tarde te amei. Acontece que Tu
estavas dentro de mim e eu fora. Andava á tua procura por fora e, como um
monstro de fealdade, lançava-me sobre a beleza das criaturas. Tu estavas
comigo, mas eu não estava contigo. Mantinham-me prisioneiro longe de ti aquelas
coisas que, se não existissem em Ti, não existiriam. Chamaste-me, gritaste-me e
rompeste a minha surdez. Relampejaste, resplandeceste e o teu resplendor
dissipou a minha cegueira. Exalaste os teus perfumes, respirei fundo e suspiro
por Ti. Saboreei-te, e morro de fome e sede. Tocaste-me, e ardo de desejos da
tua paz.” [2]
Em resumo
Cada um dos quatro tipos de amor tem
o seu lugar nas nossas vidas. Os quatro são bons no lugar adequado. Só o amor
ágape é divino e vivifica todos os outros. Os três amores humanos murcham e
morrem no egoísmo se não estão animados pelo amor divino. Se, pela graça, o
amor ágape se converte no tema dominante da vida, acontecem duas coisas. Em
primeiro lugar, será capaz de unir-se a Deus e com os outros no amor. Nenhum
prazer da terra poderá superar essas boas relações. Nenhuma outra coisa nos
proporcionará essa felicidade perene, no namoro, no casamento ou no Céu.
Estes números
referem-se as notas de roda-pé do livro:
[1] João
Paulo II, Bem-aventurados os puros de coração. Isto opõe-se a ideia
atual, de conotação freudiana, de que o amor não passa de mera atração sexual.
[2] Santo
Agostinho, Confissões, 10,38
Pe. Thomas
Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante
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quem vive um autêntico namoro cristão
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