Transcrição:
Blog Mater Dei
Afeto
(storgé)
O afeto é designado às vezes como
amor familiar, porque surge geralmente entre os membros da família. Mas também
é da maior importância durante o namoro. É o carinho terno e delicado por alguém.
O afeto entre um homem e uma mulher
manifesta-se de muitos modos: um abraço, um leve beijo nos lábios [*], no rosto
ou na testa; um sorriso carinhoso; um breve toque no braço, na mão ou no
cabelo. Parece que o afeto saudável, desinteressado e casto, está em falta no
nosso ambiente supersexualizado. Muitos perderam a arte do carinho.
Todos temos necessidade de afeto, de
um olhar carinhoso, de uma palavra cálida. É o carinho que existe entre pai e
filho, entre uma mulher e o seu marido, entre uma moça e sua melhor amiga. Um
gesto afetuoso no lugar adequado, no momento oportuno, é um belo modo de
comunicar o amor, ás vezes o único.
Anos atrás, Ann Landers fez uma
pesquisa entre as suas leitoras casadas, perguntaram-lhes se preferiam ser
acariciadas a ter relações sexuais. Cerca de 70% disseram preferir as carícias.
Não acho que fosse por não gostarem de praticar sexo, mas por haver muito tempo
que ninguém as abraçava.
Muitas mulheres casadas costumam
dizer que tudo o que os maridos querem é ter relações sexuais. Quando lhes
pergunto se fizeram sexo antes do casamento, a inevitável resposta é “sim”.
Essa é a raiz do problema. São casais que nunca desenvolveram o costume de
compartilhar o carinho juntos. Quando um homem se deitou com a esposa antes do
casamento, costuma considerar os beijos e as carícias como uma mera introdução
ao ato sexual. As mulheres devem fazer com que o marido compreenda a
importância do carinho. Marido e mulher devem ser capazes de acariciar-se, de
abraçar-se, de beijar e ser beijados sem que seja o prelúdio de um ato sexual.
O carinho é uma linguagem importante do amor, uma linguagem que se deve
aprender bem durante o namoro.
Quando se fala de castidade num
contexto religioso, é freqüente que mal se mencionem as manifestações de afeto.
É por isso que os jovens estão confusos, e com toda razão, sobre o que é
aceitável e o que não é. Costumamos falar do que não se deve fazer, sem propor
o que o que se deve fazer.
Um jovem de uns trinta anos procurou-me depois de um dos nossos seminários sobre “O namoro cristão num mundo supersexualizado” e perguntou-me: “- Muito bem, como deveria então despedir-me da minha namorada?”
Respondi-lhe: “Bem, você poderia
passar a mão pelo seu rosto, aproximar-se dela muito devagar e beijá-la
suavemente. Uma vez. Duas. Depois, dar-lhe um grande abraço, lento, apertando a
sua face contra a dela como modo de manifestar os seus ternos sentimentos por
ela. A seguir, talvez possa dizer algo como: < Por fim, desejar-lhe uma boa noite e beijá-la mais uma vez, lenta e
carinhosamente, como se temesse quebrá-la se não tomar cuidado”.
--
“É, não parece má idéia, padre”. Ele respondeu.
Existe
carinho mais romântico que o de um beijo de despedida ou de saudação? De modo
algum. Se um rapaz e uma moça já saem há algum tempo, ele, quando chega para
levá-la a passeio, deveria dar-lhe um abraço e um beijo breve, mas terno, na
face. Enquanto caminham, deveria beijar-lhe a mão de vez em quando, tocar-lhe o
rosto ou a mão em algum momento. Algumas vezes, deveria passar-lhe o braço por
cima do ombro ou acariciar-lhe o cabelo. Os abraços pausados, carinhosos, são
atos que simbolizam poderosamente a união.
A
moça deveria ser capaz de mostrar também ao rapaz o seu carinho, especialmente
se ele lhe deu motivos para confiar no seu amor por ela. Poderia apoiar a
cabeça no ombro dele enquanto vêem um filme, ou tocar-lhe suavemente a mão, ou
beijá-lo carinhosamente na face. Outra possibilidade, quando passeiam juntos,
seria tomar-lhe a mão pô-la ao redor de sua cintura, inclinando-se ligeiramente
para ele.
Este
deveria ser o limite das expressões físicas de amor no namoro. Imagine como
seria saudável, espiritual e psicologicamente, se fosse esta a norma nos modos
de manifestar o carinho.
Lembre-se:
manifestar o afeto aos poucos costuma ser o modo de dar, respeitar e servir a
pessoa amada. Apressar-se ou acariciar com maior intensidade costuma ser sinal
de desejo, de autocomplacência e de egoísmo.
Liberdade na moderação
Pois bem, para alguns isto supões um
grande retrocesso. Mas é o único caminho realmente sadio. O problema está em
que no nosso mundo ocidental adotamos uma atitude hedonista com relação ao
prazer: “Se para mim é agradável, devo empanturrar-me disto.” Atualmente,
quando alguma coisa nos dá prazer, tendemos a possuía-la até fartar-nos. Se
gostamos de esquiar, convertemo-nos em esquiadores compulsivos. Se gostamos de
tênis, viciamo-nos no tênis. Se nos dá prazer beijar, acabamos em deitar-nos
juntos.
Não é esse o caminho cristão. A
proposta cristã sobre o prazer consiste em desfrutar dele durante o momento e
depois esquecê-lo, gozar de algo sem nos aferrarmos a isso. Dito de outro modo,
não desejar coisa ou pessoa alguma (a não ser o próprio Deus), a ponto de não
podermos ser felizes sem ela. São Francisco encontrava-se com Santa Clara
somente uma vez por ano: alegrava-se tanto com essa amizade que não queria que
a sua felicidade dependesse dela.
É uma bênção desfrutar dos pequenos
prazeres da vida vendo neles um vislumbre da felicidade do Céu, sem ser escravo
deles, mesmo em pequena medida. Ou seja, o autêntico cristão pode saborear
pequenos prazeres na comida, na bebida ou num beijo de despedida, sem insistir
em receber mais. Não é este mundo que alcançamos a nossa plenitude, mas no que
há de vir. [1]
Qualquer que seja o ponto em que
você coloque o patamar de sua satisfação – um abraço, um beijo ardente e casto,
uma relação sexual -, ficará sempre insatisfeito. Por que? Porque os nossos
desejos são infinitos e, se procurarmos realizá-los por meio de coisas finitas,
nunca chegarão a satisfazer-nos. Quanto mais cedermos aos nossos apetites – por
comidas exóticas, por licores ou por sexo -, mais pedágio nos exigirão. Se
pusermos a fronteira dos nossos prazeres num nível lícito, a satisfação será
psicologicamente tão grande como a de quem a coloca num nível hedonista. Além
disso, libertar-nos-á para nos entregarmos ao amor desinteressado (ágape), sem
vivermos escravizados pelas nossas paixões e sem usarmos os outros para
satisfazê-las.
Mulheres, digam aos homens o que
lhes agrada e o que não. Se eles forem inteligentes, corresponderão. Pedir ao
homem o que agrada a você não é manipula-lo; é ensinar-lhe como deve tratá-la.
Só seria manipulação se você pretendesse que ele fizesse algo que não deseja
fazer. E se não quer tratá-la como você deseja? Diga-lhe adeus!
Muitos namorados não chegam a
alcançar a intimidade durante o namoro. Estão demasiados ocupados em beijar-se
e abraçar-se (entre outras coisas), quando deveriam falar dos profundos
sentimentos que lhe dominam o coração.
Adiar os beijos [**] até o casamento?
*Nota do
blog para [*] e [**]: O autor se refere a beijos de afeto, como beijos no rosto
e na testa e não a beijos íntimos (vulgarmente chamados de “beijos de língua”),
este segundo, como foi demonstrado em outras partes do livro é um tipo de beijo
reservado somente aos casados pois é um prelúdio a relação sexual, portanto os
namorados não devem chegar a este tipo de intimidade, nesta parte do texto é
mostrado como os beijos de afeto ajudam a harmonia do casal. Veja o que o Pe.
Thomas Morrow diz a respeito neste link: “Sobre
os beijos no tempo de namoro”
Que
dizer de pessoas como Joshua Harris, que decidiu não beijar a noiva antes de
estarem casados? Ou de Elisabeth
Elliot e Steve Word, que deram o primeiro beijo quando o namoro chegou ao
compromisso? Essas atitudes são o melhor caminho?
Posso
compreender o motivo de semelhantes decisões, já que muitas coisas boas como o
carinho, foram sexualizadas e exploradas. Mas penso que são atitudes
exageradas. É necessário reabilitar o afeto e colocá-lo em seu
lugar, purificado de conotações sexuais. O carinho puro e nobre é
algo maravilhoso. Quando uns namorados adiam os beijos, mesmo os mais
inocentes, até o casamento ou o noivado, podem querer
dizer implicitamente que as demonstrações de afeto não passam de uma
forma moderada de exploração sexual. Não o são. São
uma maravilhosa expressão de amor e satisfazem uma necessidade
humana.
O
que acontece com as expressões de carinho em público? Aconselho que sejam muito
poucas e só nos lugares oportunos: passear de mãos dadas, beijos breves de
saudação ou de despedida, um abraço no aeroporto, pegar na mão durante um jantar.
Mas as carícias insistentes e os beijos repetidos pedem intimidade,
privacidade. Comportar-se educadamente tem por objetivo, antes de mais nada,
não incomodar os outros. Não há quem não se sinta realmente incomodado quando
vê que um homem e uma mulher são incapazes de afastar as mãos um do outro.
O
carinho, como escreveu Karol Wojtyla em Amor e Responsabilidade, não
tem por objetivo o prazer, mas a "sensação de proximidade".
Compartilhar o carinho "tem o poder de livrar o amor dos diversos
perigos implícitos no egoísmo dos sentidos..." "Desde que seja
submetido a um profundo controle pessoal, o afeto é um importante elemento do
amor".
Por vezes, uma pessoa descobre que o
seu noivo/a está pouco preparado para exteriorizar o seu afeto; custa-lhe
abraçar ou acariciar. Outras vezes, essa reticência deve-se ao medo da
proximidade sexual, como conseqüência da nossa cultura impregnada de sexo. Ou
talvez possa ter origem em ele/a provém de uma família em que as manifestações
externas de afeto eram raras. Em qualquer dos casos, eu recomendaria que se
encarasse este tema com delicadeza e tato, e se promovesse o hábito de
compartilhar um carinho casto. Isto é coisa que se pode aprender, mas pouco a
pouco, sem pressão externa.
Outra causa de timidez nesta matéria
pode ser o bloqueio psicológico causado por uma má experiência anterior. Neste
caso, para seu próprio bem e da futura família, a pessoa deveria procurar um
especialista, se possível cristão, para que a ajudasse a chegar à raiz do
problema.
Não resta dúvida de que o ambiente
cultural influi nos modos de manifestar o carinho. Em geral, os latinos, os
filipinos e alguns europeus orientais sentem-se bem beijando e abraçando a
família e os amigos. Isto não significa que os namorados de outros lugares se
satisfaçam com um afeto mínimo. Muitos estudos afirmam que as demonstrações
físicas são uma terapia para qualquer pessoa, independente da nacionalidade. [2]
Estes números
indicam as notas de roda-pé do livro:
[1] No Céu,
como Deus Pai explicava a Santa Catarina de Sena, “a alma sempre Me deseja [a
Deus] e Me ama, e não Me deseja em vão: se tem fome, sacia-se, e, saciada,
sente fome. Mas estão longe dela o cansaço da saciedade e o sofrimento da
fome.” (Santa Catarina de Sena, O Diálogo)
[2] Com respeito ao carinho com os filhos,
Gary Smalley afirma no seu livro The Blessing (A bênção, escrito em coautoria
com Jonh Trent, Thomas Nelson, Nashville, Tenesse, 2004, 272 págs) que “uma
carícia efusiva pode evitar que uma criança satisfaça essa necessidade em
lugares errados”. O próprio Jesus fez as crianças aproximarem-se Dele, e as
abraçou e as abençoou impondo-lhes as mãos (Mc 10, 16). João Paulo II chega a
afirmar que as crianças tem um “direito especial ao carinho”. Smalley defende
também que uma carícia traz benefícios psicológicos, diminui a pressão
sanguínea e pode acrescentar dois anos a vida do marido.
Muitos pais deixam de abraçar ou de
beijar suas filhas quando chegam a adolescência. Talvez se deva que, como as
filhas vão se tornando mulheres, pensem que não convém dar-lhes demasiadas
provas de carinho. Enganam-se: um bom abraço de um pai à sua filha, um abraço
casto diz tudo sobre ele. Os psicólogos que estudaram as tristes conseqüências
dessas omissões coincidem em aconselhar encarecidamente aos pais que voltem
atrás.
Pe. Thomas
Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante
Recomendamos muitíssimo a leitura deste livro, como você percebeu, este
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quem vive um autêntico namoro cristão
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