por Pe. Thomas Morrow
Transcrição:
Blog Mater Dei
Amizade (Philía)
Como define C.S. Lewis, a amizade
(philía) é essencialmente uma relação baseada
na participação num interesse comum. Se duas pessoas compartilharem a
mesma fé, as mesmas ideias relativas ao bem da sociedade, o mesmo gosto pela
música, diversões, esportes ou interesses intelectuais, certamente haverão de
sentir-se felizes passando o tempo juntas. Lewis diz com todo o acerto que,
enquanto o eros é “um de frente para o outro”, a amizade é “um do lado do
outro.” É preferível compartilhá-la com várias pessoas porque – explica ainda
Lewis – há aspectos de Douglas que só John ou Don percebem; e Douglas descobre
coisas em Don que John não capta. A phília pode ser cultivada ou pode surgir espontaneamente. Além disso, pode
dar-se entre pessoas de qualquer idade ou sexo.
A chave para uma amizade duradoura é
a moderação. Se colhemos uma flor com demasiada força, esmagamo-la, e se a
abandonamos durante demasiado tempo, murcha. Devemos conservar os nossos
amigos, mas não sufocá-los.
Algumas amizades se desvanecem
porque as pessoas mudam e seguem caminhos diferentes. Não é caso para nos
lamentarmos, e sim para recordar esses amigos com simpatia e gratidão. Mas
quando uma amizade aumenta e amadurece como o bom vinho, deve ser entesourada.
Geralmente, os amigos contribuem para a mútua relação na mesma medida. No entanto, há ocasiões em que um ou outro podem ser incapazes de dar o mesmo. Neste caso, deve-se fazer presente o ágape, esse amor de doação que é o suporte de todos os amores. Um amigo está à disposição do seu amigo/a em caso de necessidade. Durante esse tempo, essa pessoa recebe do amigo mais do que a mera convicção de que a relação ultrapassa uma simples oportunidade de negócios. Assim, se converte numa imagem da nossa amizade com Deus.
Santo Agostinho sustenta que a
amizade é o mais elevado dos amores humanos. Que espécie de amor humano dever
ser a mais importante no matrimônio? Aquela que leva a compartilhar a mesma fé,
a mesma educação, os mesmos valores, as mesmas diversões, os mesmos gostos... É
sobre essa base que se edifica um bom casamento, e sem ela pode fracassar. Que
ele receba aulas de dança porque ela gosta de dançar, que ela acompanhe as
notícias sobre o futebol porque ele gosta desse jogo – são modos de construir
uma amizade pelo bem da doação amorosa na vida conjugal.
Isto não significa que as pessoas
casadas não possam fazer coisas separadamente, sem o esposa/a, mas, para
reforçar os laços de amizade, deve haver muitas que realizem juntos.
A amizade manifesta-se participando
dos sentimentos do outro, da alegria que acompanha os êxitos, e se a amizade
for profunda, da dor causada pelos fracassos. Isto envolve riscos e mesmo
feridas, mas esse é o preço que merece uma verdadeira amizade.
Num casal, a amizade deve ser
profunda e cheia de confiança mútua, porque só assim se chega a descobrir o que
se tem em comum e a compartilhar os pensamentos mais íntimos, os sentimentos,
esperanças e temores.
Quando o cônjuge fala de coisas íntimas, o marido ou a mulher devem interessar-se pelo que diz. Se você abre o seu coração e ouve por única resposta: – “Onde vamos jantar amanhã?”, já sabe que existe algum problema: as palavras não fluem porque há algum tipo de rejeição. Cada qual deve respeitar e querer apoiar o outro. Como observa Neil Warren, quando se compartilham as coisas, há sempre atenção esmerada e uma autêntica franqueza.
É por isso que os que têm os seus
momentos de oração diária, os que se sentem bem com o silêncio e não precisam
de ter continuamente ligados o rádio ou a televisão, os que leem – também
livros de espiritualidade -, todos eles costumam estar melhor preparados para a
intimidade do que aqueles que não o fazem. Este é mais um motivo para que a
religião seja tão importante num futuro cônjuge. A religião – a prática da
religião – ajuda a preparar as pessoas para a futura intimidade.
Essa intimidade vê-se facilitada quando os dois se encontram sós num ambiente adequado – a um restaurante tranquilo ou um longo passeio na praia. Há também épocas de crise ou sensação de vazio que se prestam a uma conversa íntima. Os casais que tenham compartilhado as suas falhas e lutas alcançarão uma relação mais íntima que os que não tenham feito. Os namorados devem lançar as bases dessa amizade íntima antes de pensarem em casamento.
Entre outras coisas mais importantes
que um casal compartilha, encontra-se a educação dos filhos, e essa tarefa
favorece sem dúvidas a amizade entre os cônjuges. Os filhos não devem ser
considerados um obstáculo ao amor dos pais, mas um fortalecimento. É por isso
que os casais não devem adiar o nascimento dos filhos, levados pelo argumento
que é preciso “darmos um tempo para nos conhecermos melhor”, pois isso, no
fundo, costuma significar “tempo para gozarmos da companhia mútua sem
obstáculos”. Os filhos estimulam os pais a esse ágape de doação que é a fonte de toda a felicidade, e também á
amizade, o maior dos amores humanos, como vimos. O amor que, sem uma razão
importante, protela a vinda dos filhos, ainda que seja por pouco tempo, faz
crescer o egoísmo, e nessa mesma medida se autodestrói.
Alguns dos melhores casamentos
começam pela amizade, não pelo namoro. Como afirma Joshua Harris em Boy Meets Girl [1], são muitos os jovens
que optam por cultivar uma amizade com alguém de que gostam. Depois, se a
amizade prospera, propõe o namoro. É um grande meio de evitar a tremenda
pressão que exercem as saídas noturnas; essas saídas, atualmente, são mais uma
preparação para o divórcio do que para o casamento [2].
Que maravilhosa é a amizade! Um
amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro [...].
Um amigo fiel é remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor achará esse
amigo (Ecli 6, 14-16)
Estes números
correspondem a notas de rodapé no livro
[1] Joshua Harris, Boys Meets Girls: Say Hello to
Courtship, Multnomah Books, Colorado Springs, Colorado, 2000. 240 págs.
[2] Ver
Connie Marshner, “Contemporany Dating as Serial Monogamy” (O Namoro moderno
como monogamia em série”), Homiletu and Pastoral Review, out. 1998, pág.18)
Pe. Thomas
Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante
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